Maceió

Campanha do Conselho de Psicologia sobre consumo de drogas nas prévias gera polêmica

Deborah Freire | 23/02/19 - 12h19
Reprodução

Uma iniciativa do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas (CRP-AL) para uma ação de conscientização durante as prévias de Carnaval tem gerado polêmica. Um panfleto com orientações para a redução de danos no consumo de drogas distribuído na sexta e neste sábado (23) não foi bem recebido por alguns foliões.

O material assinado pela Comissão de Direitos Humanos do CRP-AL lista algumas drogas ilícitas consumidas em grande quantidade durante eventos como o Carnaval e, abaixo de cada uma, traz orientações como: “Dê preferência para bongs e vaporizadores”, no caso da maconha; “espere os batimentos cardíacos normalizarem antes da próxima”, para o loló; e “não utilize notas de dinheiro para inalar”, no caso da cocaína.

Nas redes sociais, imagens do material com comentários como “Absurdo” circulam desde a noite de ontem. Muita gente acreditou que a foto do panfleto era falsa.

Mas em entrevista ao portal TNH1, a presidente do CRP-AL, Laeuza Farias confirmou a veracidade do material. Ela disse que a intenção da Comissão de Direitos Humanos foi esclarecer sobre o uso de drogas, ilícitas e lícitas, como o álcool, e garantir a aplicação da política de redução de danos, conforme determina o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Nossa função é esclarecer, não é incentivar o uso de nenhuma droga, mas reconhecemos que na sociedade o uso existe. Falamos sobre substâncias psicoativas, que todo mundo sabe que existem, mas quem usa não diz”, defende.

Aceitação

A psicóloga afirma ainda que a aceitação do material vai ser analisada com base em relatórios, mas ela admite que a rejeição ao tipo de política existe.

“Para algumas pessoas, não interessa a forma que a gente aborde, porque sempre vão achar que é incentivo ao uso de drogas, vão achar que é errado. As pessoas acham que não falando a respeito das coisas é como se elas não existissem”, diz.

Ela compara com a distribuição de camisinhas, que defende não ser um incentivo à prática sexual, mas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. E ainda aponta outro grave problema social que tem crescido, mas com menor atenção, que é o uso abusivo de medicamentos.

“A gente tem que se pautar de forma pedagógica para uma vida harmônica em todos os sentidos. Educação é saúde. Serve para esclarecer, até para que as pessoas busquem ajuda”, reforça.

Não há previsão de uma nova campanha semelhante em Alagoas, mas a ação deste fim de semana será avaliada, e serão consideradas a recepção das pessoas na folia e a repercussão virtual, segundo a presidente do CRP.