Brasil

Crime usa pula-pula com crianças para barrar blindado em favela do Rio

Folha Press | 18/08/18 - 16h30
Brinquedo pula-pula no meio da rua, em favela da zona oeste do Rio, enquanto um tanque com soldados tenta passar | Divulgação/Gabinete da Intervenção Federal

O comando da intervenção federal na segurança do Rio investiga se criminosos estão usando brinquedos de criança como barreiras para dificultar incursões em comunidades do Rio. Nesta sexta (17) durante ação na favela de Antares, na zona oeste, os militares se depararam com camas elásticas fechando ruas de acesso ao local.

O Comando Militar do Leste afirmou que os serviços de inteligência estão apurando o caso e que uma das hipóteses é o uso das crianças como escudos humanos. Na posição em que foram colocadas, as camas elásticas dificultaram o acesso dos veículos usados na operação.

"Os serviços de inteligência estão trabalhando nisso, mas ainda não há confirmação assertiva. É uma possibilidade", disse neste sábado (18) o porta-voz do Comando Conjunto da intervenção, coronel Carlos Cinelli. 

A intervenção federal na segurança do Rio completou seis meses na quinta (16). Desde então, as forças de segurança realizaram mais de 300 operações e vêm tomando medidas para reequipar as polícias.

Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que, entre março e julho, houve queda de 7% nos registros de roubo na rua e de 18% nos de roubo de cargas, um dos principais focos do comando da intervenção. No período, porém, o número de mortes por policiais cresceu 38%. De acordo com a plataforma colaborativa Fogo Cruzado, os registros de disparos e tiroteios tiveram alta de 60%. 

Intervenção Federal

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro deve mesmo acabar no prazo inicialmente previsto, em dezembro, pois os responsáveis pela medida já demonstraram não querer a sua renovação. Em junho passado, Jungmann defendeu que a intervenção fosse renovada para, pelo menos, dezembro de 2019.

Vencido na discussão interna, o ministro optou pelo "meio-termo", que seria a continuidade "da reestruturação das forças de segurança" no Rio e a manutenção da operação militar de GLO (garantia da lei e da ordem), que também vence em dezembro.