Política

Perto da prisão, Lula fala como candidato: ‘Posso consertar país’

13/03/18 - 18h05

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu na manhã desta terça-feira uma entrevista à rádio paranaense Cultura Foz, na qual voltou a criticar o processo que pode lhe levar à cadeia. Para reforçar a ideia de que tem sido vítima de uma perseguição política, Lula afirmou que se considera ”um inocente condenado”.

Sobre o caso do tríplex no Guarujá (SP), o petista afirmou que foi punido com base em mentiras e voltou a criticar o juiz federal Sergio Moro, responsável pela sua condenação na primeira instância – confirmada depois pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). “Eu avisei o Moro que ele não tinha como me absolver, depois de tantas mentiras”, disse.

Candidato

Lula afirmou ainda que a ação busca impedir sua candidatura à Presidência da República. E, mesmo com a iminente prisão, manteve o discurso de candidato: ”Quero ter a chance de poder provar que posso consertar esse país”. Em seguida, o petista elencou suas propostas eleitorais. ”O problema no Brasil não é só econômico, é também de credibilidade. Vamos fazer a caravana, ir conversar com o povo. Inclusive vamos encontrar o Pepe Mujica na fronteira com o Uruguai para conversar sobre a integração latino-americana”, relatou.

Em outro momento, voltou a citar as caravanas, um símbolo da militância petista. “Vou visitar as universidades e escolas técnicas para encontrar as pessoas que sonham em construir o Brasil. A caravana tem esse sentido, fazer as pessoas voltarem a acreditar no Brasil”, disse. A questão da militância foi citada novamente, quando fez referências à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann. ”O que eu tenho dito para a Gleisi é: levantar e brigar. Porque temos muito a fazer”, complementou.

O que falta para a prisão?

Após ter sido condenado por Moro a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula teve sua pena aumentada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) para 12 anos e um mês. Condenado por unanimidade, o petista tem direito apenas aos embargos de declaração – que não têm capacidade de alterar o resultado de julgamento no caso do tríplex do Guarujá (SP). A análise do recurso não tem data marcada, mas a cúpula do PT vê possibilidade de que a prisão ocorra antes da Páscoa.

Além disso, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou ao petista o pedido de habeas corpus preventivo, o que impede que o ex-presidente recorra da decisão em liberdade. Com isso, resta ao ex-presidente recorrer às cortes superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta quarta-feira, a presidente Cármen Lúcia receberá o advogado de Lula, Sepúlveda Pertence em audiência solicitada pela defesa, que se esforça para tentar marcar o julgamento do recurso.