Saúde

Por que o sarampo está de volta? Infectologista esclarece dúvidas sobre o tema

Assessoria FMB/Unesp | 21/08/19 - 09h58
Agência Brasil

O Brasil já ostentou o status de país livre do sarampo. O certificado foi concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no ano de 2016. Mas ele está de volta e os casos têm aumentado significativamente. Por que a doença voltou? Como se dá a transmissão? O que fazer se o diagnóstico der positivo para o sarampo?

O Núcleo de Comunicação, Imprensa e Marketing do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (NCIM do HC|FMB) procurou esclarecer essas e outras dúvidas com um especialista da Unesp.

O Sarampo

De acordo com o médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp) Carlos Magno C. B. Fortaleza, há algumas razões que explicam o reaparecimento e crescimento dos casos de sarampo no País. “É uma doença altamente transmissível, com uma taxa de ataque (quantidade de pessoas expostas e sem imunidade que adquirem o problema) de aproximadamente 100%”. A transmissão se dá por meio de aerossóis (partículas muito finas da saliva) que se disseminam por muitos metros ao redor da pessoa que fala ou tosse. “É diferente da gripe ou da meningite em que a gota é lançada por aproximadamente um metro e cai no chão”, lembra o docente.

Para o professor Carlos Magno os diferentes focos de sarampo no mundo se dão por “falta de vacinação” e não é viável restringir ou limitar a entrada de estrangeiros no Brasil que estejam contaminados. “O sarampo tem um período de incubação que vai de duas a três semanas (14 a 21 dias). E cerca de dois dias antes da doença se manifestar, a pessoa já está transmitindo, então é uma doença capciosa e fácil de circular pelo mundo”, explica.

A vermelhidão no corpo e o excesso de secreção caracterizam o sarampo. Porém, sintomas como febre, tosse e coriza são comuns de se manifestarem. “Ele (sarampo) pode (raramente) ter complicações pulmonares (pneumonia) e neurológicas (meningite e encefalite)”, frisa o professor. “É uma doença que inspira cuidados”.

Vacina

Três estados estão registrando casos ativos da doença. O estado de São Paulo concentra 90% deles. Para prevenir o aparecimento de novos casos, o Ministério da Saúde está recomendando a vacinação de reforço para crianças de seis meses a menores de um ano, que moram ou vão viajar para locais onde há surto de sarampo.

Em 1997, o governo brasileiro determinou que houvesse um reforço da vacina de sarampo, pois já existia a discussão se o ideal era uma ou duas doses pra não haver mais o contágio. “Com uma dose da vacina, existe entre cinco e dez por cento de falha primária (pessoa foi vacinada, mas não criou imunidade) e depois há possibilidade de falha secundária (pessoa foi vacinada, desenvolveu imunidade, mas depois de um tempo perdeu a proteção). Com duas doses da vacina também pode acontecer falha primária e secundária, mas acontece com pouca frequência”, lembra o infectologista.

De acordo com o docente, atualmente existe a recomendação para uma terceira dose, caso tenha ocorrido alguma exposição com uma pessoa infectada com sarampo. “As pessoas que estão tendo contato com a doença em São Paulo estão dizendo que é um sarampo leve, porque certamente essas pessoas já têm uma proteção (vacinas anteriores - 1ª e 2ª doses)”, esclarece.

O calendário vacinal brasileiro prevê que a primeira dose da vacina seja dada na criança com nove meses e a segunda com 15 anos de idade – entre 15 e 19 anos de idade é o tempo recomendado. “Não existe remédio pra sarampo, então o tratamento é contra os sintomas”, pontua o professor Carlos Magno.

Informações sobre vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola 

As indicações para vacinação com a vacina Sarampo, Caxumba e Rubéola são as seguintes:

- Para pessoas de um a 29 anos de idade e profissionais de saúde: recomenda-se duas doses da vacina SCR, com intervalo de quatro semanas.

- Demais adultos nascidos a partir de 1960: é necessário ter, pelo menos, uma dose. A vacina também está disponível para mulheres no puerpério.

Trata-se de uma vacina de vírus vivos atenuados, sendo contraindicada para as pessoas que tiveram reação anafilática em dose anterior, aos usuários de corticosteróides em dose imunossupressora (uso superior a 14 dias), gestantes, dentre outras situações especiais.