Alagoas

Prêmio Alagoas de Direitos Humanos homenageia personalidades no Teatro Deodoro

Agência Alagoas | 10/12/18 - 15h49
Gustavo Costa

Em solenidade marcada por homenagens, respeito e emoção, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos (Semudh), realizou a primeira edição do Prêmio Alagoas de Direitos Humanos na sexta-feira (7), no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, no Centro de Maceió. Três personalidades foram premiadas com troféus pelo trabalho em prol de uma sociedade mais justa e igualitária em direitos.

Autoridades, representantes de entidades, jornalistas e estudantes vivenciaram momentos de extrema importância na luta pelo direito à cidadania, saúde, seguridade social, moradia e demais princípios que regem a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos no próximo dia 10 de dezembro.

A secretária da Semudh, Maria José da Silva, destacou em discurso a necessidade do respeito entre os mais diversos nichos da sociedade. “Enquanto secretária, busquei um olhar amplo daqueles que defendem os terreiros, as igrejas e as mais diversas religiões, as mulheres, meninas e crianças. O diferente e a diversidade. A sabedoria dos idosos e a superação diária das pessoas com deficiência. Hoje celebramos [os direitos humanos]. Mas não é só hoje. Devemos ter a necessidade de construir uma Alagoas cidadã reconhecendo publicamente os que fizeram das dificuldades barreiras em um motivo para construir a cidadania”, disse.

O jornalista e apresentador do programa Profissão Repórter da Rede Globo, Caco Barcellos, foi o primeiro homenageado da noite e recebeu, das mãos da secretária de Estado, o troféu criado pela artista plástica e premiada Marta Arruda.

De acordo com Caco Barcellos, o direito à vida deve ser respeitado, assim como a luta pelos direitos humanos, e fez um comparativo. “Todas as nações que combatem o terrorismo mataram 20 mil pessoas no ano passado. O povo brasileiro sozinho matou três vezes mais que isso. É um dado muito alarmante. Outra questão importante é a desigualdade. Hoje, 26 milhões de famílias brasileiras recebem um salário mínimo ou pouco mais, enquanto que pouco mais de 10 mil pessoas recebem acima de 140 mil por mês. Não é 10% da população. Nem mesmo 1%. A conta não bate”, enfatizou Caco.

Exímio profissional, Barcellos já tem mais de 40 anos de carreira e conquistou diversos prêmios ao longo da carreira. Ele foi escolhido pelo reconhecido trabalho em prol dos direitos humanos ao denunciar, em matérias jornalísticas e em livros, como o Rota 66 – A História da Polícia que Mata e Nicarágua: A Revolução das Crianças, abusos de autoridades policiais e o desrespeito aos direitos humanos em suas várias facetas.

Direito à saúde

O direito à saúde é universal. Todo ser humano merece ter uma vida digna e de cuidados, porém muitas vezes isso não acontece. Para quebrar esse paradigma, o médico cirurgião vascular, Dr. Hemerson Casado, trabalha incessantemente para que pessoas que portam a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), assim como ele, tenham acesso aos medicamentos necessários para o prolongamento da vida.

Hemerson foi premiado pelo empenho diário em conseguir que esses medicamentos de alto custo possam ser produzidos no Brasil, como genéricos, tornando-se acessíveis a todos os pacientes.

Para se comunicar, Hemerson usa um equipamento especial de leitura ocular direto no computador, conhecido como Tobii e, em seguida, pronuncia o texto, assim como o físico Stephen Hawking que também era portador da ELA. O cirurgião agradeceu a secretária Maria José pela homenagem e a todos que apoiam a causa.

Patrulha Maria da Penha

O programa Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar, já prendeu em flagrante, só este ano, nove acusados de cometer algum tipo de agressão contra as mulheres. Destas, 35 são assistidas diariamente por uma equipe jurídica, psicóloga e policial para voltar a viver normalmente em sociedade. O trabalho da capitã da Polícia Militar, Márcia Danielli, coordenadora da Patrulha, rendeu bons frutos e seu esforço em combater este crime recebeu o devido reconhecimento.

“Para nós que fazemos a Patrulha é uma emoção em saber que quando o trabalho em equipe é executado com muita dedicação, bravura e coerência, mesmo em pouco tempo, somos reconhecidos. Receber este prêmio ao lado de grandes nomes na luta pela causa em nosso país e em nosso Estado é gratificante”, concluiu a capitã. 

Menções honrosas

Dois nomes foram lembrados com menções honrosas a trabalhos conquistados ao longo dos anos a favor dos direitos humanos. A coordenadora do programa Mulheres Mil, do Governo Federal, implantado em institutos federais de todo o país, Luiza Jaborandi, já formou mais de dez mil mulheres em situação de vulnerabilidade em todo o Estado em cursos autônomos.

O deputado federal por Alagoas, Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, também recebeu a menção honrosa no Prêmio Alagoas de Direitos Humanos. O parlamentar, em todos os seus mandatos, sempre priorizou a defesa dos direitos humanos, o qual foi autor das propostas que criaram as comissões de direitos humanos da câmara de vereadores de Maceió e da assembleia legislativa de alagoas. Também foi de sua iniciativa a criação da comenda Selma Bandeira, que homenageia personalidades que se destacam na defesa dos direitos da mulher e da cidadania.

Roda de Conversa

Após as premiações, os homenageados se dirigiram a uma “sala” projetada para o público onde foram discutidos temas de importância para a sociedade onde o jornalista da UOL Nordeste e vencedor de vários prêmios da área, Carlos Madeiro, mediou as conversas.