O Ministério Público de São Paulo instaurou nesta segunda-feira (24) um inquérito para investigar supostas irregularidades nos dois decretos do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), hoje candidato à Presidência da República, que levaram a desapropriações de terrenos envolvendo familiares dele.
O caso, que rendeu a eles ao menos R$ 3,8 milhões, foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 16.
Os decretos, editados em 2013 e 2014, atingiram Othon Cesar Ribeiro, sobrinho de Alckmin, e Juliana Fachada Cesar Ribeiro, hoje sua ex-mulher e mãe de seus quatro filhos, para a construção de uma polêmica rodovia em São Roque (SP).
O promotor Marcelo Milani pediu a abertura da investigação e deu um prazo de 20 dias para que Alckmin, o sobrinho e a concessionária se manifestem sobre as acusações.
O tucano afirmou, por meio de sua assessoria, que não interferiu no traçado da obra em São Roque e que é "descabida e ofende o bom senso" a ideia de que o processo de desapropriação foi conduzido "apenas para beneficiar parentes do ex-governador".
Alckmin disse também que assinou centenas de decretos de utilidade pública e de desapropriação, "todos eles amparados em pareceres técnicos dos órgãos responsáveis e em parecer jurídico da Procuradoria Geral do Estado", segundo nota de sua assessoria.
Nesta segunda (24), durante caminhada de campanha pela Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, ele questionou a decisão do Ministério Público de São Paulo pela abertura do inquérito.
"Aliás, é sempre estranho a 14 dias da eleição abrir inquérito. Coisa sem menor sentido, não tem nenhum parente meu com terra naquela área", afirmou Alckmin.
Othon Cesar Ribeiro, que é parte em uma das ações, é filho de Adhemar Ribeiro (irmão da ex-primeira dama Lu), cunhado de Alckmin citado em delações como arrecadador de caixa dois para campanhas do candidato.
Ex-mulher dele, Juliana Fachada Ribeiro diz que teve prejuízo porque poderia ganhar mais com exploração de empreendimento imobiliário.