Eleições 2018

Rejeição de Bolsonaro entre as mulheres pode atrapalhar 2º turno

De acordo com pesquisa Ibope, 50% das mulheres não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro. Entre os homens, a rejeição é de 33%.

Exame | 24/09/18 - 17h30

Líder nas pesquisas de opinião na disputa pela Presidência, o candidato Jair Bolsonaro (PSL/RJ) enfrenta resistência do eleitorado feminino. O índice de rejeição ao capitão da reserva do Exército subiu a 50% entre elas, mesmo internado após ser esfaqueado em 6 de setembro.

Reações nas redes sociais desencadearam o movimento #elenao, com mulheres planejando manifestação em todo o país contra o candidato em 29 de setembro.

A rejeição das mulheres é embalada por declarações e atos polêmicos de Bolsonaro, que já xingou uma deputada de “vagabunda”, acrescentando uma frase que chocou grande parte do eleitorado feminino por dizer que ela “não merecia ser estuprada”; destratou uma jornalista que o entrevistava chamando-a de “ignorante” e “idiota”; além de dizer que os homens “fraquejaram” ao ter filhas, e não ver problema na diferença salarial entre homens e mulheres.

A ira contra o presidenciável ganhou novo combustível na última segunda-feira, quando seu vice, o general Hamilton Mourão, disse que famílias pobres lideradas por mães e avós e sem pais e avôs são “fábricas de desajustados”.

Declaração esta que tirou do sério até Bolsonaro que, internado no hospital, desautorizou o companheiro de chapa, num gesto de aproximação com o eleitorado feminino. Responsáveis pela campanha de Jair Bolsonaro se abstiveram de comentar.

De acordo com pesquisa Ibope publicada esta semana, 50% das mulheres não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro. Entre os homens, a rejeição é de 33%.

Nas ruas da capital do país é possível identificar essa indignação. “Tenho dó de mulheres que votam no Bolsonaro, elas não têm a menor consciência de vida. Têm aquela velha mente machista”, diz a estudante Stefani Martins, 27.

Um grupo criado no Facebook pela publicitária Ludimilla Teixeira, 36 anos, chamado Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, foi hackeado no fim de semana passado, por criticar o líder nas pesquisas. Ao ser restabelecido, nesta semana, saltou de 1 milhão para 3 milhões de seguidoras.

“A ideia do grupo foi de Ludimilla, mas a luta é coletiva. A página foi hackeada porque perceberam a força da união feminina. Temos o direito de nos manifestar contra um candidato machista e preconceituoso”, disse Ludimilla, em entrevista à Bloomberg.