Tecnologia

Kaspersky teria modificado seu antivírus para roubar dados secretos dos EUA

12/10/17 - 22h11
Reprodução

Na semana passada, surgiu a informação de que o software de antivirus da Kaspersky teria sido usado por hackers ligados ao governo russo para roubar informações confidenciais do governo dos EUA. Agora, no entanto, o Wall Street Journal reportou que esse roubo só foi possíveis graças a modificações feitas pela própria Kaspersky ao seu programa.

De acordo com o jornal, que ouviu oficiais e ex-oficiais de segurança digital dos EUA, o antivírus foi modificado para detectar termos como "Top Secret" nos arquivos escaneados. Para funcionar como antivírus, o programa precisa fazer uma varredura completa dos arquivos do computador. Com a modificação, no entanto, essa varredura também acabaria revelando a existência de arquivos confidenciais na máquina do usuário.

Esse esquema teria permitido o roubo de informações confidenciais em, ao menos um caso: um funcionário da NSA (agência de segurança nacional dos EUA) que levou arquivos do trabalho para casa. Ele tinha o antivírus da Kaspersky em seu PC doméstico, e isso permitiu que hackers russos tivessem acesso aos dados. Segundo um dos oficiais ouvidos pelo Wall Street Journal, "com base no que o software estava fazendo, não há maneira de que a Kaspersky não tivesse conhecimento disso".

Reações

Trata-se do desdobramento mais recente em uma longa série de litígios em torno do vazamento de informações oficiais dos Estados Unidos. Antes disso, o New York Times publicou uma matéria contando que um grupo de oficiais de inteligência de Israel invadiram as redes da Kaspersky e conseguiram flagrar o software de antivírus varrendo as máquinas de seus usuários em busca de arquivos confidenciais. Como a matéria nota, "foi um caso de espiões espionando espiões espionando espiões".

Por conta desses eventos, o governo dos Estados Unidos proibiu o uso de produtos da Kaspersky em todas as agências governamentais do país. A empresa, no entanto, afirma que não tem qualquer vínculo com governos, incluindo o da Rússia, e que não está implicada em nenhum desses casos.

"A Kaspersky Lab não esteve envolvida e não tem qualquer conhecimento da situação em questão, e a empresa reitera sua disponibilidade para trabalhar ao lado de autoridades dos EUA para abordar quaisquer preocupações que eles possam ter quanto aos seus produtos e sistemas", disse a empresa em um comunicado reproduzido pelo Ars Technica.