Alagoas

Em ampliação, Ronda no Bairro trabalha a prevenção e devolve espaços à comunidade

Modalidade de policiamento comunitário chega à orla de Maceió depois de apresentar resultados positivos em dois meses no Jacintinho

17/03/18 - 07h12
Agência Alagoas

A prevenção aos crimes contra o patrimônio e a requalificação de espaços públicos em áreas críticas de Maceió têm sido as principais características de um programa lançado em janeiro pelo Governo de Alagoas. Com resultados positivos em dois meses de serviços executados na área comercial do Jacintinho, o Ronda no Bairro começou a funcionar este mês na orla da capital, ampliando o número de policiais nas ruas a partir de uma abordagem humanizada, visando garantir a segurança de comerciantes, turistas, moradores e frequentadores da parte baixa de Maceió.

Atualmente, o Ronda no Bairro atua em uma área de 1,5 quilômetro no Jacintinho e de 12 quilômetros na orla. São 60 policiais militares e bombeiros da ativa e da reserva divididos em 10 patrulhas no Jacintinho e 132 divididos em 22 patrulhas na parte baixa, trabalhando em dois turnos, das 6h30 às 22h30, com foco principal na prevenção de crimes contra o patrimônio.

Para o coordenador-geral do programa, coronel da reserva Maxwell Santos, a atuação das equipes do Ronda no Bairro tem influência direta na redução do número de crimes como o assalto a estabelecimentos comerciais, roubo de veículos e assaltos a ônibus registrados em Maceió pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) nos primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período de anos anteriores. Em janeiro e fevereiro, os números de assaltos a coletivos – modalidade que apresentava grande incidência no Jacintinho – teve redução drástica na capital. Foram 19 ações em janeiro e 41 em fevereiro, uma redução de 70,6% e 40,6%, com relação ao mesmo período de 2017, quando foram registrados 68 e 69 assaltos a ônibus em Maceió, respectivamente.

Já os números de roubos a estabelecimentos comerciais na capital em janeiro e fevereiro deste ano apresentaram quedas de 16% e 24% respectivamente, em relação a 2017. Foram 15 ações em janeiro e 19 em fevereiro, contra 18 e 25 nos mesmos meses do ano passado. A Segurança Pública também registrou aumento no número de denúncias recebidas pelo telefone 181, o Disque-Denúncia. Em janeiro, foram 1.557 denúncias, contra 1.427 no mesmo mês de 2017. Em fevereiro, esse número chegou a 1.552, um aumento de 46% em relação às 1.063 denúncias registradas pelo órgão no mesmo período do ano passado.

Vínculos

De acordo com Maxwell Santos, os números da SSP refletem o trabalho executado pelo Ronda no Bairro na formação de redes de colaboradores que permitem a prevenção de crimes contra o patrimônio. “É uma polícia de proximidade, então, quando você tem o agente no terreno, as pessoas criam aquele vínculo, e a ideia é estreitar esse laço cada vez mais. A gente tem grupos de comerciantes em aplicativos que nos informam sobre atitudes suspeitas e cobram a nossa presença”, conta.

“Outro nicho que tem demonstrado muita confiança no Ronda no Bairro são os motoristas de ônibus. Naquele perímetro, quando eles notam alguma coisa fora do normal dentro do ônibus, eles acionam o nosso pessoal e nós abordamos o veículo. Foi assim que, na semana passada, nós conseguimos evitar um dos assaltos a ônibus que aconteceria na região do Jacintinho. E isso tem sido constante. Mas ressaltamos a importância do cidadão utilizar o telefone 181 para informar sobre qualquer tipo de ocorrência, para que isso também chegue até nós. Todos os suspeitos que nós detivemos foram resultado dessa notificação feita pelo cidadão. Em todos os assaltos e as tentativas de assalto que ocorreram nesse perímetro, os suspeitos foram detidos. Todos foram levados à Central de Flagrantes”, explica o coronel da reserva.

Na orla de Maceió, segundo Maxwell Santos, o trabalho de articulação com a comunidade tem sido intenso no sentido de fortalecer essa rede de informação. “A gente já começou a fazer visitas nas reuniões de condomínios e, na semana que vem, vamos nos reunir com todos os porteiros dos condomínios da orla. Vamos conversar com eles para criarmos uma rotina de segurança de prevenção. Também estamos conversando com as universidades. Uma delas já se predispôs a conversar com os alunos. Eles têm projetos na área social e querem interagir com a gente. Também estivemos reunidos com a gerência da 1ª Coordenadoria de Ensino e teremos uma próxima reunião com os diretores de todas as escolas públicas da região. E as escolas do perímetro já estão sendo visitadas pelas nossas equipes de Abordagem e Articulação Social”, revela.

O coronel da reserva aponta ainda outro efeito do Ronda no Bairro, diretamente relacionado à proximidade dos agentes junto à comunidade: a queda nos números de homicídios e os flagrantes de tráfico de drogas nos perímetros de atuação do programa. “Além do crime contra o patrimônio, no Jacintinho, nos últimos 60 dias, chegou a zero o crime violento contra a vida, o homicídio. No perímetro em que o programa atua, do Canal 5 até a Escola Lamenha Lins, entrando na feirinha do Jacintinho e entrando na rua da Casa de Direitos, não tivemos homicídios nesse período. É o efeito da presença da polícia”, avalia o coordenador do Ronda no Bairro.

“Nessa área, tivemos 17 operações conjuntas nesse período, com o apoio das unidades de área, Radiopatrulha, Batalhão de Polícia de Trânsito, Lei Seca, operações de inteligência, Delegacia de Repressão ao Narcotráfico. Uma série de ações está sendo realizada. O pessoal do 181, o Disque-Denúncia, detectou 12 alvos nesse perímetro e nós conseguimos interceptar todos, tudo refletindo a questão do tráfico de drogas na região. O Ronda no Bairro não vai buscar o grande traficante. O alvo é o pequeno traficante, o varejo das drogas naquele território. Na maior apreensão de drogas que a gente fez, os suspeitos passaram no nosso corredor e foram abordados pelas nossas equipes. Eles nos levaram a uma boca de fumo onde, com a apoio das outras unidades, conseguimos apreender armas de fogo, armas brancas, balança de precisão e drogas”, lembra Maxwell Santos.

Diferenças

Apesar do curto período de atuação do Ronda no Bairro na orla de Maceió, as equipes do programa já detectaram diferenças entre as táticas utilizadas pelos criminosos da região e da área do Jacintinho.

“Na orla, nós estamos começando. É um território totalmente diferente do Jacintinho. Estamos com foco muito especial nas paradas de ônibus. Na parte baixa de Maceió, as paradas de ônibus são alvos frequentes de delinquentes que insistem em utilizar as motocicletas chamadas de ‘cinquentinha’ para cometer crimes. Com esses veículos é que se rouba e que se mata em Maceió. Alertamos os órgãos de trânsito para eles ajudarem a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Ronda no Bairro exercendo uma fiscalização constante em cima desses veículos, que são nossos alvos, do Ronda no Bairro, do 1º Batalhão da Polícia Militar, do Batalhão de Radiopatrulha e de todas as unidades da PM na orla”, diz Maxwell Santos.

Espaços públicos

O coordenador-geral do Ronda no Bairro também avalia positivamente o eixo social do programa, que trabalha em parceria com órgãos do Governo do Estado e da Prefeitura de Maceió no acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social e na requalificação de espaços públicos. A ideia é devolver à comunidade espaços que se encontravam degradados ou ocupados pelo tráfico de drogas.

“No Jacintinho, já temos resultados na praça do Mirante do Jacintinho e na praça Mário Jambo, onde a população já tem se apropriado desses espaços para o lazer e o esporte, com aulas de dança, capoeira, ensaios do coco de roda, dos grupos de Hip Hop, o grafite e outras atividades culturais do Jacintinho que estavam escondidas. As pessoas agora caminham na praça à noite. Ali também está sendo feito um trabalho de arborização, recuperação de equipamentos, de brinquedos e bancos. Esses espaços estão voltando a ter vida e estão sendo devolvidos à população”, conta o coronel da reserva.

“Na orla, nós estamos começando. É um território totalmente diferente do Jacintinho, onde a gente tem trabalhado um espaço público que é a Praça do Mirante. Na orla, nós temos a Praça do Skate, na Ponta Verde, o corredor Vera Arruda, na Jatiúca e a Praça Ganga Zumba, em Cruz das Almas. O pessoal da Articulação Comunitária está começando a trabalhar nesses locais. Hoje, um grande parceiro é a Secretaria de Estado da Prevenção à Violência, a Seprev, com os Anjos da Paz. Tivemos muitos encaminhamentos de dependentes químicos. Nas abordagens a moradores de rua, nós estamos acionando os órgãos municipais. Com a Secretaria da Assistência e Desenvolvimento Social, a Seades, nós encaminhamos as pessoas para terem acesso a programas sociais. E a Secretaria da Ressocialização e Inserção Social, a Seris, nos ajuda com os reeducandos, na requalificação de terrenos. Para fazer segurança, temos que ter áreas iluminadas e limpas. Quando o Ronda no Bairro chega, articula isso. E estamos fazendo essa interlocução com muita tranquilidade”, observa Maxwell Santos.

Durante o lançamento do Ronda do Bairro na orla de Maceió, o governador Renan Filho lembrou que o programa continua em ampliação e deverá chegar ao Complexo Benedito Bentes nos próximos meses. Nesse estágio, de acordo com o governador, o Ronda no Bairro terá um investimento de aproximadamente R$ 1 milhão por mês em recursos do Governo de Alagoas.

“A política pública precisa ser lançada, consolidada e ampliada. Nós fizemos isso no Jacintinho, onde o Ronda no Bairro já apresenta bons resultados. Agora, vamos consolidá-lo na orla para levá-lo ao Benedito Bentes, um bairro muito populoso e com um forte comércio. Trata-se de um investimento substancial. São recursos aplicados em incremento salarial, contratação de pessoas e de agentes de proximidade. Essa é a demonstração de que a Segurança Pública é prioridade para nós. Vamos seguir investindo para melhorar a vida das pessoas, promovendo a paz e elevando a sensação de segurança dos alagoanos”, disse Renan Filho na ocasião.