Brasil

Adolescentes e jovens de até 24 são as que mais sofrem assédio no Brasil

25/12/17 - 23h59

Quatro em cada dez brasileiras (42%) já sofreram assédio sexual no Brasil. Entre adolescentes e jovens, o número é ainda mais: 56% já foram assediadas nas ruas, transporte público, no trabalho, na escola ou faculdade e até em casa, conforme revelou um estudo do instituto de pesquisa Datafolha nesse sábado (23).

O levantamento apontou que a maioria dos casos de assédio ocorreu na rua (29%) e no transporte público (22%). Cerca de 15% das mulheres foram assediadas no trabalho, 10% na escola e 6% na própria casa.

Quanto mais nova a brasileira é, maior a probabilidade de sofrer violência sexual. Enquanto 42% das mulheres alegam já ter sofrido assédio, este percentual sobe para 56% na faixa etária entre 16 e 24 anos. A taxa cai progressivamente com o aumento da idade: 50% entre mulheres com 25 a 34 anos, 45% entre os 35 e 44 anos, 34% aos 45 e 59 anos e 25% dos relatos vieram de mulheres com 60 anos ou mais.

Segundo o Datafolha, as mulheres brancas (40%) e indígenas (34%) são as que menos sofrem assédio. Na outra ponta, quase metade das mulheres asiáticas, 46% das mulheres negras e 45% das mulheres pardas já foram assediadas.

O problema é mais sentido no Centro-Oeste, onde metade das mulheres disseram já ter sofrido assédio. Aparece em seguida, o Sudeste (49%), Norte (40%), Sul (37%) e Nordeste (34%).

Educação e renda versus assédio sexual

Outro dado que chamou atenção é o nível escolar. Na pesquisa, quanto maior a instrução, maior é o número de casos: cerca de 57% das mulheres com nível Superior, 47% com ensino Médio e 26% com Fundamental.

O mesmo acontece com os dados de renda. Enquanto 38% das mulheres que ganham até dois salários mínimos disseram já ter sido assediadas, mais de 58% das mulheres que ganham mais de 10 salários mínimos relataram assédio.

Isso não quer dizer, contudo, que as mulheres mais instruídas e ricas sofrem mais assédio. Na verdade, tais dados podem ser explicados pelo acesso à informação.

"A falta de campanhas educativas, de acesso à Justiça e de coragem para denunciar entre as mais pobres influencia", disse a promotora Maria Gabriela Manssur ao jornal Folha de S. Paulo. "Elas podem perder o emprego, além de sofrer um julgamento social ainda maior."