Brasil

Em nota, Alexia Dechamps diz que todos os brasileiros pagam Bolsa Família

27/10/16 - 09h17
Reprodução/Facebook

A atriz Alexia Dechamps, autora da frase “Calem a boca, eu pago o bolsa família de vocês”, durante uma audiência pública sobre a vaquejada, na Câmara dos Deputados, divulgou no final da tarde de ontem (26) uma nota de repúdio sobre as acusações de preconceito feitas contra ela.

Na nota, divulgada no perfil da atriz no Facebook, ela diz que o deputado federal por Alagoas, Pedro Vilela (PSDB), “deturpou” suas palavras e considerou “oportunista” a postura do parlamentar, de “aproveitar-se de um falso embate com uma pessoa pública, atriz profissional, para conseguir mídia fácil e destacar-se diante de seu eleitorado”. Em outra postagem, porém, ela reafirma a fala sobre o programa Bolsa Família.

Vilela foi responsável por formalizar a denúncia em discurso na tribuna da casa e na Procuradoria da Câmara.

Leia a nota abaixo na íntegra:

“Eu, Alexia Dechamps, repudio a atitude do deputado Pedro Vilela, do PSDB alagoano, de atribuir a mim palavras desrespeitosas contra o povo nordestino durante audiência pública sobre a regulamentação da vaquejada. Mais do que isso, abomino sua postura oportunista de aproveitar-se de um falso embate com uma pessoa pública, atriz profissional, para conseguir mídia fácil e destacar-se diante de seu eleitorado. O parlamentar, além de deturpar minhas palavras, me ofendeu, tentou humilhar e constranger, chegando a dirigir-se ao plenário da Câmara pedir que a Procuradoria da Casa me processe. Não sabe o Sr. Deputado que não me curvo a ameaças, que o tempo de mulheres indefesas e submissas é passado e que antes que siga com sua infâmia eu o estarei chamando a prestar contas de suas palavras perante os tribunais.

No intenso debate que acontecia entre os que defendiam a vaquejada como atividade econômica, geradora de empregos, e os que, como eu, afirmávamos que nenhum trabalho pode se basear em maus tratos a animais indefesos, defendi que o correto seria buscar alternativas econômicas para os vaqueiros que vivem da vaquejada. Se é uma cultura regional, que se mude a cultura, da mesma forma que se deve abandonar a prática das touradas na Espanha. Nada, absolutamente nada, justifica a violência contra animais ou seres humanos.

Disse ainda que no Nordeste, de onde provinha a maior parte dos vaqueiros lá presentes, existem outras atividades como pesca, turismo e lavoura, além do Bolsa Família, que poderia amparar os mais necessitados. Lembrei que a região é que mais tem inscritos no programa do governo federal. Se o auxílio existe, sustentado pelos impostos que eu e todos os brasileiros pagamos, para socorrer pessoas sem renda suficiente, deve ser utilizado para casos extremos como o que discutíamos.

A deturpação dos meus argumentos, como se vê, é vil. Espero que a exposição do caso sirva para desmascarar este tipo de ardil, mostrando aos eleitores do parlamentar quem ele realmente é, em lugar da imagem que gostaria de ver estampada nos jornais. A verdade costuma ser severa com quem manipula fatos e agride semelhantes para conquistar objetivos mesquinhos.

Vim para Brasília para defender a Constituição do meu país, defender a interpretação do Supremo Tribunal Federal contra as vaquejadas e as minhas convicções. É disso que eu vivo. É isso que sou”.

Em outro texto, publicado na madrugada de hoje (27), a atriz afirmou que o deputado federal eleito pelo estado de São Paulo, Ricardo Izar (PP), que a convidou para a audiência pública e que estava ao seu lado no plenário, irá se pronunciar em sua defesa afirmando que “jamais falei sobre o nordeste e pejorativamente sobre a bolsa família. Tudo que disse foi na intenção de achar uma saída para o desemprego que a falta da vaquejada poderia causar... Gosto demais de Alagoas; amo o jeito de falar, e acho as pessoas muito queridas”.

Amanha pela manha na TV Câmara, a tv que passa política, o Deputado Ricardo Izar que estava ao meu lado irá a plenário fazer minha defesa e vai dizer que jamais falei sobre o nordeste e pejorativamente sobre a bolsa família. Tudo que disse foi na intenção de achar uma saída para o desemprego que a falta da vaquejada poderia causar... Gosto demais de Alagoas; amo o jeito de falar, e acho as pessoas muito queridas. Uma pena toda esta confusão. Juro não queria estar passando por isto, mas às vezes defender animais tem um preço alto, ainda mais quando tem muito dinheiro envolvido. O vídeo que rola mostrando discussão com o deputado em questão eu digo: ‘Me respeita porque eu sou mulher e mais velha que você moleque’, e ai ele responde: ‘me respeite!’ O deputado Izar, vai dizer que em nenhum momento apareceu um vídeo com a tal fala da bolsa família porque não tem. Não existe essa fala da maneira pejorativa que foi relatada, Não tive direito de resposta na hora porque não sou parlamentar. Não sou deputada. Estava atada para me defender e esclarecer... Nunca mais voltarei num lugar que fui tão destratada sem poder me defender. Me senti muito em desvantagem e humilhada e se aproveitaram desta situação. O Deputado Ricardo Izar vai contar pra todos que fomos vítimas de preconceito, nós como mulheres e ativistas num plenário repleto de homens tumultuando a sessão. 90 homens, Onde nossa opinião e defesa eram contrários à vontade da maioria. Ouvimos de tudo. Foi horrível...”.