Brasil

Médica de UPA diz que não atendeu suspeitos porque estavam mortos

18/10/17 - 23h19
Reprodução/Record TV

A médica envolvida em uma confusão com policiais do batalhão de Mesquita (20º BPM) na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Cabuçu, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, disse que não atendeu os suspeitos socorridos pelos agentes porque eles já estavam mortos. Segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde), a médica relatou que os óbitos já haviam sido confirmados, mas que um dos pacientes ainda foi acolhido e levado para a sala vermelha da unidade.

Ainda de acordo com a secretaria, os outros dois foram acolhidos e levados ao necrotério após confirmação da coordenação médica de que havia capacidade para receber os corpos no local.

Toda a confusão foi registrada em vídeo. Nas imagens, é possível ver a mulher sendo puxada pelo uniforme e pelo braço, enquanto testemunhas tentam separar a briga. O caso terminou na delegacia, após a médica receber voz de prisão dos militares.

O flagrante ocorreu nesta terça-feira (17). A Polícia Militar, através de nota, informou que o policial nega qualquer tipo de agressão à funcionária dizendo que foi desacatado e ferido no rosto pela mulher, que também teria ofendido o PM, chamado-o diversas vezes de "animal".

Já o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) repudiou a atitude dos policiais e disse considerar "desnecessária e descabida a agressão sofrida pela profissional, que estava exercendo seu plantão em uma UPA".

A confusão, segundo contam os militares, teria começado após a médica recusar atendimento a três suspeitos socorridos por eles para a unidade. Os homens foram baleados durante confronto na comunidade Grão Pará, também em Cabuçu. A mulher teria sugerido que os feridos fossem levados para o Hospital Geral de Nova Iguaçu.

Em nota, a SES informou que "repudia a agressão sofrida pela médica de plantão na UPA Cabuçu, na madrugada desta terça-feira, e esclarece que não houve omissão de socorro no episódio. A SES considera que a profissional não poderia sofrer qualquer tipo de agressão por parte dos policiais militares".

A pasta disse ainda que "a agressão começou após os policiais terem recolhido o cadáver da sala vermelha e decidido levar os três homens para outra unidade de saúde, mesmo depois de a médica ter comunicado aos PMs que os três seriam acolhidos na UPA e encaminhados ao IML, seguindo os trâmites legais".

O Comandante do Batalhão de Mesquita, onde os policiais são lotados, abriu uma averiguação para apurar as circunstâncias do fato. Um dos policiais que aparecem no vídeo prestou queixa contra a funcionária na Delegacia de Mesquita (53ª DP), onde o caso foi registrado.