Brasil

MPRJ diz ter encontrado excesso de antidepressivos em cela de Cabral

24/06/17 - 14h09
Arquivo

O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) informou ter encontrado quantidade excessiva de medicamentos antidepressivos na cela de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, durante fiscalização surpresa na Cadeia Pública José Frederico Marques (antigo BEP), em Benfica, zona norte do Rio. A vistoria, por meio da 11ª Promotoria de Investigação Penal, foi feita na última segunda-feira, 19.

O MPRJ informou que Cabral mantinha em sua cela duas caixas com quase 30 comprimidos de antidepressivos (medicação controlada, de tarja preta) e outras dezenas de comprimidos não identificados. Aos fiscalizadores, o ex-governador teria informado que seu receituário prevê apenas dois comprimidos diários de antidepressivo e que os comprimidos não identificados seriam vitaminas.

Segundo o MPRJ, o diretor da unidade, Fabio Ferraz Sodré, teria justificado que os presos recebem remédios para um período mais longo com objetivo de não sobrecarregar o serviço da enfermaria com a entrega diária de comprimidos. Ele não especificou, porém, o número de comprimidos entregues.

O diretor foi advertido, durante a fiscalização, sobre a quantidade excessiva à disposição dos internos, que poderiam ministrar acidental ou intencionalmente alta dose, levando à internação ou até a morte, além da possibilidade de tráfico desses comprimidos, que podem ser usados como "moeda de troca" entre presos.

O promotor de Justiça Suavei Lai, autor da fiscalização, enviou na última quinta-feira, 22, um ofício com as informações para o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pelo processo. Os mesmos fatos foram comunicados para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) para adoção das medidas consideradas cabíveis.

A fiscalização do MPRJ também identificou que outros dois presos em outras celas, também mantinham dezenas de comprimidos de medicação controlada. Os nomes não foram informados. A Promotoria declarou ainda que a enfermaria do presídio funciona de forma precária e provisória em uma sala, até que termine a reforma do espaço definitivo.

Durante a fiscalização, foram identificados, ainda, detentos sem nível superior em celas da galeria 1, reservada para presos com nível superior completo. Após negar a presença desses presos, o diretor da unidade informou que estes não possuem formação superior completa e que estavam na ala por uma determinação judicial. A informação está sendo averiguado pelo MPRJ.

O peemedebista, alvo da Operação Calicute, está preso desde novembro. Ele foi transferido de Bangu 8 para o antigo BEP no mês passado, após uma reforma no local. Cabral é acusado de chefiar uma organização criminosa que desvia recursos públicos. Esta foi a segunda vistoria realizada na unidade em um mês, segundo o MPRJ.