Economia

Banco Central reduz taxa Selic para 7% ao ano, menor patamar da história

Copom corta taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual; mercado espera nova redução em fevereiro, para 6,75% ao ano

06/12/17 - 18h15


Diante de uma economia que ainda luta para se reerguer e sem pressões inflacionárias pela frente, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu nesta quarta-feira, 6, os juros básicos da economia em 0,50 ponto porcentual, para 7% ao ano. A decisão foi unânime.

Com a redução, a Selic alcança o menor patamar da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Trata-se do décimo corte consecutivo realizado pelos técnicos do BC, que deram início ao atual ciclo de reduções em outubro de 2016, reduzindo de 14,25% para 14% a meta anual para a Selic.

No comunicado que acompanhou a decisão, a instituição afirmou que a "evolução do cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de flexibilização tornaram adequada a redução da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual nesta reunião".

A decisão de hoje era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 67 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam corte de 0,50 ponto porcentual da Selic nesta quarta-feira.

Em fevereiro, na próxima reunião do Copom, é esperada nova redução, de 0,25 ponto porcentual, o que levaria a Selic para 6,75% ao ano. Essa, ao menos, é a expectativa dos principais economistas do mercado, segundo o último relatório Focus, divulgado na última segunda-feira pelo BC.

A festa, porém, pode ser curta. O mercado prevê a subida da taxa já no fim de 2018. 

A última vez que a taxa Selic ficou abaixo de 7,50% foi há quatro anos. Entre outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, até então o menor nível da história, e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015, patamar mantido nos meses seguintes. Somente em outubro do ano passado o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.

Inflação. No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado – que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro –, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2017 de 3,3% para 2,9%. No caso de 2018, a expectativa foi de 4,3% para 4,2% e, para 2019, permaneceu em 4,2%. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2017 e 2018 em 7,0% e 2019 em 8,0%.

A expectativa do mercado financeiro é de que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termine 2017 em 3,03%, quase no piso da meta (3%). Essa meta tem como centro 4,5%. Para 2018, a previsão é de que a inflação fique um pouco maior, mas ainda abaixo do centro da meta, em 4,02%.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

Ciclo de cortes. Nas últimas semanas, o BC deixou claro que se aproxima o fim do atual ciclo de afrouxamento do juro iniciado em outubro do ano passado. Após cortar a Selic praticamente pela metade com redução de 6,75 pontos porcentuais em 14 meses, a instituição indica que o movimento será amenizado.

A pausa do BC é justificada pela perspectiva de gradual elevação dos preços no médio prazo. Com inflação acumulada de apenas 2,7% em 12 meses, a maioria dos analistas prevê que os índices entrarão em trajetória de gradual elevação nos próximos meses, mas em patamar considerado confortável para o cumprimento da meta de 4,5% no próximo ano. A análise positiva leva em conta aspectos como a elevada ociosidade da economia e o desemprego ainda elevado.

Mas o mercado indica que a estabilidade terminaria alguns meses à frente depois das eleições presidenciais. Economistas consultados pela pesquisa Focus preveem alta do juro na última reunião de 2018, em dezembro. Nessa reunião, a Selic subiria 0,25 ponto, para 7%.