Economia

Pacotes opcionais dos carros serão extintos. Isso é bom ou ruim?

22/03/17 - 09h42
E-konomista

Uma tendência que vem sendo observada entre as montadoras nacionais é que, cada vez menos, abre-se a possibilidade de escolher opcionais. A regra hoje é que sejam vendidas versões prontas, sem a necessidade de optar por itens extras.

Mas, pesando todos os fatores envolvidos, acabar com os opcionais é ou não é bom para o consumidor?

Se depender das concessionárias, consultorias e montadoras, sim. O fim do opcional representaria uma “dor de cabeça” a menos, já que em alguns casos a inclusão de um item pode fazer com que, por exemplo, a bateria tenha que ser trocada junto.

Mas não é só na parte mecânica que estariam as vantagens do fim dos opcionais.

OPCIONAL NÃO, ACESSÓRIO SIM

Há montadoras como a Ford que, há exatos 14 anos oferecia no Focus pelo menos seis opcionais. Hoje, a maior parte dos modelos são vendidos em no máximo três versões, todas equipadas com um pacote “default” de itens. Ar condicionado digital e câmbio automático são as poucas possibilidades de equipar uma dessas versões com um item que não seja de fábrica.

As japonesas também aderiram ao sistema de pacotes fechados, em que as versões já saem da concessionária com tudo a que têm direito. É o caso da Nissan, Honda e Toyota, que oferecem, tal como a Ford, pouquíssimos itens não originais, como sensor de ré, bancos de couro e central multimídia.

Confirmando a tendência geral de enterrar de vez o sistema de vendas com escolha de opcionais, a Chevrolet radicalizou na venda do Cruze. O sedã médio só tem mais uma versão sem ser a de entrada, a LTZ.

Entre as montadoras chinesas, que vêm se notabilizando por oferecerem carros completos em suas versões de entrada, o Chery QQ se destaca pelo preço baixo, e uma única opção, o Chery QQ 1.0 Act, que custa R$ 2.400 a mais, por itens que talvez não valham o investimento, como rodas de liga leve, rack e frisos laterais.

BOM PARA O CONSUMIDOR?

O argumento defendido para extinguir os opcionais é de que desta forma o consumidor ficaria menos confuso e perdido. Afinal, entre tantos itens a escolher, como decidir sobre o que vale ou não a pena?
Esta é uma justificativa aparentemente leviana, afinal, quem não gosta de ter opções na hora de escolher, seja um veículo ou um outro bem de consumo qualquer?

O fato é que, para as montadoras, oferecer pacotes fechados representa linhas de produção mais rápidas, uma vez que há menos variações de um mesmo modelo a produzir. Um desdobramento disso é um custo menor, já que é possível fabricar numa mesma plataforma carros com desempenho, especificações e custo de produção nivelados por baixo.

Para as concessionárias, a extinção dos opcionais é mais que bem vinda. Bom para os vendedores, que têm a sua vida facilitada por não ter que apresentar uma série de opções para o comprador, que por sua vez tem seu poder de decisão restrito.

Outra vantagem para quem vende é a possibilidade de lucrar com a venda de acessórios, o que necessariamente não aumenta o valor de revenda, uma vez que a depreciação sofrida é a mesma, independentemente de quantos acessórios o carro tenha instalado.
Para que o acessório de fato signifique um valor de revenda maior vai depender de outros fatores que podem compensar ou não o investimento, como a variação na taxa de depreciação e o próprio estado do veículo.

CONCLUSÃO

Embora hajam consumidores que de fato prefiram menos opções, no fim das contas ter menos opcionais à disposição é bom mesmo para montadoras e concessionárias.
Um outro problema de tornar acessório (item a ser comprado por fora) o que era opcional é a perda da garantia, caso sua instalação não esteja prevista e homologada pelas montadoras.

Nos sites, geralmente os itens acessórios que não interferem na garantia estão à mostra para serem incluídos ou não na versão desejada. Vale uma visita antes de fechar negócio, afinal, garantia nunca é demais.