Educação

Ensino integral amplia conhecimentos e potencializa talentos de mais 14 mil jovens alagoanos

Presente em 50 escolas estaduais, modalidade ajuda aluno a construir seu projeto de vida

07/07/18 - 08h00
Valdir Rocha

Ter um aprendizado amplo e diversificado. Participar de ações de protagonismo juvenil e que façam a diferença também na sua comunidade. Construir um projeto de vida. Estas são algumas das características do ensino integral, modalidade que contempla mais de 14 mil jovens da rede estadual de ensino.

Idealizado pelo Governo de Alagoas por meio da Secretaria de Estado da Educaçao (Seduc), o Programa Alagoano de Ensino Integral (Palei) teve início em 2015 na Escola Estadual Marcos Antônio, em Maceió e hoje abrange 50 instituições de ensino em todo o estado.

Proposta pedagógica - Nestas escolas, além da jornada ampliada de estudos, o aluno tem uma série de atividades diferenciadas: cursos profissionalizantes, disciplinas eletivas, clubes juvenis (onde os alunos participam e organizam atividades de sua preferência) e os Projetos Integradores (ações em prol da comunidade local) são algumas delas.

Este ano, a modalidade, que abrangia o ensino médio, chegou também ao ensino fundamental, começando por cinco unidades da capital. No ensino fundamental, além das disciplinas eletivas e Projetos Integradores, os alunos participam de ateliês pedagógicos onde os componentes curriculares são trabalhados de forma interativa, permitindo que o aluno tenha uma vivência prática daquele conteúdo. São eles: Leitura e Escrita; Artes e Produção Cultural; Experiências Matemáticas; Experiências Científicas; Humanidades e Cultura Corporal.

“No ensino fundamental integral, temos uma estrutura que possibilita espaços específicos de mediação e as eletivas iniciam o processo de autonomia na escolha. O ensino médio traz uma formação diferenciada que permitirá um desempenho acadêmico melhor e, consequentemente, uma melhor colocação no mercado de trabalho”, explica a gerente de Educação Básica da Seduc, Fabiana Dias.

Aceitação imediata – A Escola Estadual Humberto Mendes, de Palmeira dos Índios, é um exemplo de como o programa pode render frutos em um curto espaço de tempo: lá, o ensino integral começou em fevereiro deste ano, mas já é um sucesso entre os alunos.

“O ensino integral, sem dúvida, fez com que nossa escola se reinventasse. Exploramos ao máximo a nossa estrutura física para oferecer atividades diferenciadas unidas a um ensino de qualidade e que propiciam um ambiente onde o aluno goste de estar”, destaca o diretor-geral André Galdino.

Uma das eletivas mais procuradas pelos alunos é a de natação. E cada um teve uma motivação específica para esta escolha. É o caso de Adeilson Ferreira, que busca um melhor condicionamento físico para concretizar o seu sonho de ser policial federal. O jovem que, morou em Salvador e chegou a ficar três anos sem estudar por causa do trabalho, não teve dúvidas de que escolha faria quando chegou à Palmeira dos Índios.

“Por ter ficado tanto tempo fora da escola, sempre disse a mim mesmo que, quando voltasse a estudar, seria para não parar mais. Por isso, optei pelo ensino integral, pois nos traz mais conhecimento e é mais vantajoso em todos os sentidos”, afirma o garoto.

Revelando vocações – Outra eletiva bastante popular na instituição é a de Audiovisual, onde os alunos aprendem, dentre outras coisas, sobre produção e edição de vídeos, elaboração de roteiros. A eletiva potencializou algo que a escola já realizava, visto que seus estudantes já produziam blog, jornal e canal de Youtube da escola. Mas também despertou vocações, conforme explica o professor e diretor-adjunto Mário Zeymisson.

“Eles são muito empenhados e estão sempre buscando aprender mais, mesmo quando estão nas horas vagas. E percebemos que isso despertou neles uma perspectiva profissional, a de seguir carreira na comunicação”, revela.

É o caso de Carlos Daniel Gama. “Quando me inscrevi na disciplina, não tinha ideia de que iria gostar tanto. Desde então, me apaixonei e não quero parar mais. Além disso, vai me ajudar na redação do Enem”, observa o jovem.

Sua colega Paula Ferreira também uma entusiasta da disciplina. “Tudo é novo e estou aprendendo muita coisa. Fora que essas habilidades também fazem você melhorar em língua portuguesa”, fala a garota.

Outra integrante do grupo, Júlia Maria de Araujo, já vislumbra um futuro no jornalismo. “Sou comunicativa e sempre quis participar de algo que assim, que melhorasse nossa capacidade de nos comunicarmos”, comemora a jovem.

Da particular para a pública – Júlia, por sinal, também é um dos vários exemplos de alunos que migraram da rede particular de Palmeira dos Índios para a escola Humberto Mendes desde a implantação do ensino integral. “Minha mãe me matriculou aqui e sei que fez a escolha certa, pois, estudando os dois horários, temos um melhor aprendizado e nos  desenvolvemos em vários aspectos”, ressalta a garota.

Pensamento similar ao de Arthur Gabriel. “Estudei até o ano passado em colégio particular, mas o ensino integral da rede estadual investe mais no aprendizado”, compara o garoto, que faz as eletivas de natação e robótica.

Trabalhando o emocional – Por entender que o aluno necessita de uma formação ampla, que abranja não só a aprendizagem de conteúdos, mas também o seu desenvolvimento como ser humano, o ensino integral também trabalha muito a dimensão emocional.

Na Humberto Mendes, um exemplo de como essa temática é abordada está no Projeto Integrador de Autobiografia. Nele, os alunos escreverão a sua própria biografia, desde o nascimento até a chegada ao ensino integral. Ao final, cada aluno vai ler a biografia de seu colega.

“A ideia é fazer com que eles se conheçam melhor e trabalhem aspectos pessoais, sociais, religiosos, dentre outros. Além disso, desenvolvem habilidades de leitura e escrita”, pontua a professora Maria Evila Marques, que coordena o projeto.

A estudante Luana Gabriela Silva de Barros integra este projeto e diz que o mesmo proporciona novas perspectivas aos jovens. “Quando tivemos uma palestra com pessoas com deficiência, aprendi me colocar na situação em que eles viviam e como tinham poder de superação. Ações como esta me fazem gostar ainda mais da escola”, garante a garota.