Esporte

Futevôlei: Tatá leva o nome de Alagoas para o torneio-exibição nas Olimpíadas Rio 2016

Jogador é líder do ranking brasileiro e conseguiu a vaga para representar o país na competição

30/07/16 - 09h28
Arquivo Pessoal

O futevôlei é um esporte originalmente criado nas areias do litoral brasileiro. Ele nasceu à beira da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em meados dos anos 60, porém, surgiu mais como uma brincadeira de amigos, do que algo mais sério. Nos primeiros anos, a modalidade já carregava a tradição de sempre ser atrativo para os ex e atuais jogadores de futebol. Didi, Vavá, Carlinhos, Dario, entre outros atletas que faziam e tinham feito sucesso nos clubes cariocas daquela época.

Nas décadas de 80 e 90, o esporte foi tomando corpo e se desenvolvendo no cenário mundial. Zico, Júnior, Romário, Edmundo, Renato Gaúcho e até o argentino Diego Maradona costumavam dar o ar de suas graças nas areias cariocas. Em 1998, criou-se na cidade de Goiânia, a Confederação Brasileira de Futevôlei, a CBFv, para ser uma entidade que organizasse as competições. Já nos anos 2000, surgiu a Liga Nacional de Futevôlei, aperfeiçoando a categoria no âmbito profissional.

Confirmado como esporte-exibição nas Olimpíadas do Rio de Janeiro deste ano, o futevôlei ganha força para selar de vez a sua integração na disputa das próximas edições – foi assim com o vôlei de praia nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, onde quatro anos depois, em Atlanta, estava entre os esportes olímpicos – mesmo sem ainda estar confirmado em 2020. Tratado como evento cultural, o torneio será realizado entre os dias 25 e 28 de agosto, na praia do Leme, em um local com capacidade para 12 mil expectadores.

Mas, o que Alagoas tem a ver com isso? Natural de Maceió, Cícero Eduardo dos Santos, mais conhecido como “Tatá”, de 32 anos, é o melhor jogador da atualidade no futevôlei brasileiro. O atleta alagoano lidera o ranking da categoria no país e vem de um título mundial conquistado recentemente na Áustria. Ele estará presente com o carioca Anderson Águia, na disputa da competição que acontecerá no fim de agosto no Rio.

Veja o vídeo do jogador alagoano na disputa pelo título do Mundial de Futevôlei 2016:

Para se classificar ao torneio-exibição, o jogador participou de um campeonato eliminatório em Fortaleza-CE, nas areias da praia de Iracema. Foram 48 duplas que jogaram por duas vagas. Águia e Tatá desbancaram outros 92 competidores, foram finalistas e terminaram com o vice-campeonato da seletiva. Assim, o atleta representará Alagoas e buscará a medalha de ouro no certame durante os Jogos Olímpicos.

“Estou confiante que a gente conquiste o título. Conseguimos a vaga fruto de um grande trabalho e agora é só focar nos treinamentos para fazer uma boa exibição. Acredito que a outra dupla brasileira também vem forte e será um grande adversário. Assim também, os paraguaios, os alemães e uma dupla da França, que vem jogando bem nos últimos torneios” - disse o jogador.

Sobre a preparação, Tatá ressalta que faz todas as atividades na capital alagoana e consegue realizar um planejamento adequado para o seu corpo. “Eu procuro alternar o meu programa, fazendo um dia de aula funcional e um dia de treino com bola. Também estabeleço dois dias durante a semana para tratar da parte física em uma academia” - destaca o alagoano.

O jogador treina todos os dias para aprimorar a parte física (Crédito: Arquivo Pessoal)

Tatá tem muitas conquistas ao longo da carreira de onze anos. O atleta tem seis títulos mundiais, cinco brasileiros, 12 alagoanos e foi 14 vezes campeão norte-nordeste de futevôlei. Com o surgimento da Liga Nacional, Tatá conseguiu faturá-la em três ocasiões, fora outros campeonatos não oficiais em que ele foi convidado. Atualmente, ele atua pelo Flamengo-RJ e disputa os torneios de clubes ao lado de outros companheiros, além de Águia.

O atleta destaca que o esporte vem crescendo com a passagem dos anos e acredita que já atingiu um patamar interessante no cenário nacional. “Depois do futebol, acredito que o futevôlei é o esporte mais procurado no Brasil. Cidades como Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília vemos que a busca pelo esporte é frequente. Em Alagoas, cresceu bastante também. Hoje, a maioria dos bairros tem uma quadra por conta das revitalizações que foram feitas, e assim, abre espaço para muitas pessoas jogarem”, acrescenta.

Há 11 anos, Tatá é jogador de futevôlei (Crédito: Arquivo Pessoal)

O jogador também conversou sobre investimento e valorização que os atletas locais não recebem. Para ele, a falta de patrocínio é algo que prejudica o trabalho. “Precisamos de incentivo, algum tipo de patrocínio, para nos preparar adequadamente para as competições. Aqui em Alagoas a dificuldade é maior, mas não é só no futevôlei, como também em outros esportes. Acho que quanto maior a divulgação sobre o esporte, mais ele cresce no estado”, completa Tatá.

Na esperança de conquistar uma medalha no torneio exibição, Tatá, apesar das dificuldades, leva o nome de Alagoas para o Mundo durante as Olimpíadas. Todo esforço e dedicação faz o jogador ganhar troféus e mais troféus no futevôlei e ele não quer parar por aí. O atleta continuará mostrando o seu talento nas areais locais e estrangeiras, disputando em alto nível campeonatos brasileiros, mundiais, e, quem sabe, nos próximos Jogos Olímpicos.

 Tatá recebe o troféu de campeão da Liga Nacional de Futevôlei em 2010 (Crédito: Arquivo Pessoal)