Futebol

Dado reclama da postura do CRB contra Luverdense: "Abrimos mão do jogo"

21/08/17 - 18h06
Pei Fon / Portal TNH1

O empate com o Luverdense no sábado, no Rei Pelé, deixou o técnico Dado Cavalcanti bem insatisfeito com a postura do CRB. Em entrevista coletiva após a partida, o treinador reclamou que o Galo abriu mão do jogo. 

"Era um jogo, no início, muito promissor. Abrimos rapidamente 2 a 0. Só que nós caímos no pecado de achar que o jogo estava resolvido. Acho até que faltou um pouco de humildade para nossa equipe. Não tivemos a mesma humildade que nos tirou da zona do rebaixamento e nos levou para cima do campeonato. Fizemos o placar a e abdicamos do jogo. Achamos que o jogo estava vencido e demos muito espaço para o adversário. O Luverdense veio para cima, jogando com qualidade e a gente não tirou os espaços, não marcou bem e não jogou. Abrimos mão do jogo". 


"Ficamos apenas a mercê de alguns contra-ataques. Mesmo assim no primeiro tempo, com 2 a 0 a favor, perdemos algumas chances à frente. Chegamos bem com Neto, Chico, Élvis, poderíamos ter ampliado o placar, mas é óbvio que saímos com um gostinho ruim na boca. Um placar que estava a nosso favor, jogando dentro de casa, tomar o empate como tomamos é algo que nos deixa triste. Todo mundo chateado por conta da forma como tudo aconteceu", completou. 

O ponto em casa levou o Regatas aos 29 pontos, na 11ª posição da Segundona. O próximo compromisso na competição é contra o Santa Cruz no sábado (26), às 16h30, no Estádio do Arruda, no Recife.

"Da forma como aconteceu esse jogo, são duas situações completamente diferentes. A gente perdeu um jogo para o Ceará e veio para cá com a tranquilidade e a consciência de saber que fez um bom jogo. Teve luta, entrega e nós procuramos o jogo naquela oportunidade. Dessa vez não, dessa vez saímos com um gosto amargo. Dessa vez esse empate, mesmo somando ponto, sabemos que não é bom empatar, ainda mais em casa. Isso traz reflexões. Vai fazer com que eu repense em algumas perspectivas para que a gente possa fazer uma formação um pouco mais forte e que surta efeito para o próximo jogo", analisou Dado.

O CRB se apresentou na tarde desta segunda (21), no CT Ninho do Galo, na Barra de São Miguel. Dado Cavalcanti não participou da atividade. Ele está no Rio de Janeiro, em reunião da Confederação Brasileira de Futebol sobre reivindicações dos técnicos de futebol. O treinador regatiano volta a comandar os trabalhos na terça. 

Veja outros trechos da entrevista de Dado Cavalcanti.  

Substituição de Élvis

"O Elvis cansou, perdeu rendimento. O principal articulador de jogadas, principal homem encarregado de carregar a bola de trás, fazer com que a bola chegue à frente. Ele estava apenas esperando o contra-ataque. O que não era ruim porque acabamos tendo essas situações de contra-ataque, só que naquela oportunidade não era disso que eu precisava. Precisava de articulação, precisava que Élvis fizesse o que fez no primeiro tempo. Mantivesse o mesmo ritmo, mesmo rendimento no primeiro tempo. Ele ficou muito próximo ao Neto, esperando aquela bola longa, aquele contra-ataque longo, aquela bola que caía nos pés dele". 


(Foto: Pei Fon / Portal TNH1)

"Naquela altura o Luverdense era superior, era melhor que a gente. Eu precisava mexer em algum momento no meio, nosso meio perdeu rendimento. O Yuri e o Danilo acabaram se submetendo um pouco mais ao desgaste em relação às saídas. Na posse da bola, quando a gente pegava a bola e procurava a articulação, a gente só tinha a bola longa, o contra-ataque e a chegada do Élvis mais à frente. Essa foi a minha opção pela saída".

Gols de bola aérea 

"Tinha muita preocupação. O Guly tem 1,92m. Os dois zagueiros, o Pablo que faz muito bem essa bola, sobe muito bem de cabeça... o Rafael é um cara que faz muito bem esse primeiro pau, é só lembrar do gol que o CRB tomou no primeiro turno. A minha preocupação era grande. Tanto me preocupei com essa bola, que trouxe o Danilo. Antes fazia uma função de bloqueio, e nesse jogo fez uma função para disputar essa bola em cima. Eu sabia que essa bola era muito forte. Principalmente no primeiro pau". 


(Foto: Pei Fon / Portal TNH1)

"Infelizmente acabou que o segundo gol foi exatamente nessa. Essa bola rápida no primeiro pau, conseguiram dar essa casca na frente do Neto e o jogador de trás acabou completando. Eu tinha sim essa preocupação. Infelizmente o que nós produzimos e trabalhamos durante a semana foi insuficiente para neutralizar essa bola. Por pior que o jogo foi, por menos que a gente tenha jogado, empatamos mesmo porque tomamos dois gols na bola parada e essa bola parada terminou não surtindo efeito". 

Demorou a mexer? 

"Na verdade, sendo bem franco, o ideal era fazer três trocas no intervalo. Só que tem muita coisa que acontece durante a partida. Tenho alguns jogadores em campo que sei que mantêm um nível de intensidade alto. Nosso meio-campo, acho que um pouco antes de tomar o primeiro gol do Luverdense, já estava um pouco comprometido. As três peças influenciaram diretamente nisso. O Danilo, o Yuri e o Élvis. Obviamente que preciso ser frio, ter o feelling de não me precipitar. Porque como falei antes, o Eduardo estava fazendo a estreia, não sabíamos se ele seria capaz de jogar os 90 minutos. O Élvis é um jogador que joga muito intenso, muito forte e constantemente é um jogador que às vezes troco por conta disso. Joga muito veloz, muito forte". 

"O Flávio já não joga há três jogos. A gente acha que não, mas são três jogos sem jogar, não dá para fazer tanta mexida assim. Chega um momento que um jogador ou outro começa a ter cãibras, perde rendimento, cansa e eu não tenho mais trocas para fazer. Aí vai dar na mesma besteira que fazer as trocas precipitadas. Concordo nesse ponto de vista, só que infelizmente eu estava de mãos atadas mesmo. Com a formação que entramos, com muita força e intensidade, a gente ia perder rendimento e eu precisava trocar esses jogadores em algum momento. Por isso que segurei". 

"A primeira troca foi feita aos 15". Não acho nem que tenha sido demorada, talvez o questionamento seja em cima de quem saiu, porque o Élvis vinha jogando bem. É que as pessoas sempre fazem a avaliação da troca pela questão técnica. "Ah! Fulano tá bem e não deve sair. Fulano tá mal, deve sair". Só que o treinador enxerga outras variáveis. A questão tática foi a principal que enxerguei. A questão física, será que suportaria o jogo inteiro... Enfim. Não vou levar em consideração isso aqui, se não soa como desculpa e eu não quero dar desculpa para ninguém. Quero apenas fazer o meu, que sempre tenho feito. Foi insuficiente, não foi aquilo que a gente esperava. Mas cabeça erguida, continuar trabalhando. Tem uma semana de trabalho dura para buscarmos a vitória contra o Santa Cruz no próximo jogo". 

Eduardo

"Estreia é sempre mais difícil... Falta ritmo, tempo, convívio com os atletas. Mas o Eduardo fez um bom jogo. Acho que o primeiro tempo foi melhor que o segundo. Talvez tenha pesado um pouco a perna porque estava há um bom tempo sem jogar. Por muita chuva, o campo não estava encharcado, não tinha poças, mas fica um pouco mais pesado. No segundo tempo acho que ele perdeu um pouco de rendimento, mas é natural, normal pelo fato de estar muito tempo sem jogar". 

"Acabou não agredindo tanto quanto a gente gosta que o lateral agrida. Estabeleço isso como meta, inclusive, para os laterais ultrapassarem, chegarem à frente. Mas fez um bom jogo. Pensando na perspectiva de futuro, a tendência é melhorar, evoluir, conhecer mais os jogadores, saber como o treinador gosta em termos de posicionamento e rendimento em campo. Acho que para início foi bom".