Futebol

MP-PB denuncia 17 pessoas na Operação Cartola e isenta árbitro alagoano

22/06/18 - 14h49
Divulgação / MP-PB

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) denunciou à 4ª Vara Criminal de João Pessoa 17 pessoas acusadas de integrar uma organização criminosa no âmbito dos órgãos e instituições que desempenhavam os principais papéis no gerenciamento do futebol paraibano. O árbitro alagoano Francisco Carlos Nascimento não foi denunciado pelo MP-PB na Operação Cartola. 

Chicão chegou a ter vazada uma conversa com o presidente do Campinense, William Simões, e se deslocou até a Paraíba para prestar esclarecimento. O árbitro alagoano se manifestou através de nota, que também foi divulgada pela assessoria da Federação Alagoana de Futebol (FAF). 

"Como foi por minha pessoa exposto em todos os meios possíveis sempre estive aberto a explicar o ocorrido, tranquilo e com a consciência limpa, são 15 anos de arbitragem, sempre com uma conduta integra em respeito a mim, minha família, colegas de trabalho e ao desporto nacional que não jogaria na lata do lixo por valor algum", afirmou Chicão.

As 17 pessoas denunciadas pelo Ministério Público são acusadas de praticar vários crimes para manipular resultados de jogos, beneficiando, com isso, dirigentes de times, funcionários da Federação Paraibana de Futebol (FPF), da Comissão Estadual de Árbitros de Futebol e do Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF). O Ministério Público também pugnou pela destituição de todos os réus que ocupem cargos nas entidades, na FPF, na Comissão de Árbitros e no TJDF.

"Sempre estive aberto a colaborar com as investigações, desloquei-me até a Delegacia de Defraudações de João Pessoa, fui devidamente ouvido e agora com a conclusão do inquérito veio a confirmação de tudo que sempre aleguei".

"Infelizmente o que seria uma investigação sigilosa para apurar o que realmente ocorreu e identificar os reais criminosos foi vazado a imprensa, não sei por quem nem qual intenção. Mas não vou dar mídia aos que querem "pão e circo", continuarei minha luta interna para que meus atos falem por mim, me superando a cada treino, a cada prova, a cada partida, elevando assim o bom nome de tão respeitável profissão", completou o árbitro alagoano.

A FAF também se manifestou pelo site oficial e emitiu nota para esclarecer que nenhum árbitro de Alagoas foi denunciado. Veja a nota na íntegra. 

"A Federação Alagoana de Futebol por meio da Comissão de Arbitragem CA-FAF, vem por meio desta, esclarecer e informar que a Operação Cartola realizada no estado da Paraíba teve seu relatório final concluído, com indiciamento de algumas pessoas, mas nessas "NÃO" estavam presentes nenhum profissional do nosso estado.

Desde o início, solicitamos que qualquer profissional do nosso quadro que fosse citado, que colaborasse e se colocasse a disposição das autoridades paraibanas.  Vale ressaltar também, que em todos os momentos, demostramos a importância da operação, e da condução de todos os procedimentos realizados pelas autoridades de segurança daquele estado, no sentido de que todos os fatos fossem apurados e esclarecidos, como foram. 

Portanto, continuaremos trabalhando forte em busca de uma arbitragem moderna e de qualidade, apoiando e confiando sempre em todos os integrantes do nosso quadro de árbitros, até que de forma oficial, possa vir ser provado o contrário".

Operação Cartola

As investigações tiveram origem em um inquérito instaurado pela Delegacia de Defraudações (DDF) de João Pessoa, sobre supostos desvios de valores nas prestações de contas da FPF. De acordo com o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do MPPB, o controle e a manipulação de jogos e resultados se dava há pelo menos dez anos por parte de dirigentes da FPF, de integrantes da Comissão de Árbitros, além da participação da presidência e da procuradoria do TJDF. Nesse período, várias denúncias foram arquivadas, sem que tivessem sido apuradas. O objetivo principal da organização era obter vantagens econômica, política e associativa.

Os 17 denunciados pelo MPPB incorreram nos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica e crimes contra o futebol (Estatuto do Torcedor).

Segundo as denúncias, as investigações apontam que a Orcrim se dividiu em núcleos (gestores/líderes, supervisores e logística), com atribuições distintas. Após praticar os crimes principais (manipulações dos resultados das partidas de futebol), utilizavam-se de influência política e social, para praticar diversos outros delitos subsidiários, que eram imprescindíveis para o sucesso da empreitada criminosa, como a utilização de documentos falsos, a intimidação de testemunhas, a ocultação e destruição de provas, entre outros. Segundo as investigações, os resultados dessas ações geravam elevados desvios econômicos, prejuízos financeiros e prejuízos que também atingiam a esfera moral da sociedade, com o descrédito no futebol paraibano.

A manipulação dos resultados das partidas de futebol se dava através de fraudes nos sorteios dos árbitros escalados, direcionando os juízes que integravam a Orcrim para atuarem nas partidas cujos resultados interessavam ao grupo criminoso. As fraudes também ocorriam durante a arbitragem dos jogos para beneficiar algumas equipes.