Gente Famosa

Marjorie Estiano sobre sadomasoquismo em filme: ‘Muito exercício prático’

Atriz vive uma prostituta no filme 'Todo Clichê do Amor', que estreia nesta quinta-feira

20/04/18 - 22h37
Reprodução/Divulgação

Marjorie Estiano integra o elenco do filme Todo Clichê do Amor, estreia desta semana nos cinemas. No longa, romântico, a atriz vive Lia, uma prostituta que trabalha com sadomasoquismo e que deseja ser mãe. “Dentro da pesquisa e da construção da personagem, fiz muito exercício prático, além da parte teórica com documentários e vídeos. Era fundamental desenvolver intimidade com esse vocabulário e com os recursos que teria de usar. Foi divertido”, conta em entrevista a VEJA.

Essa é a segunda vez que Marjorie vive uma garota de programa. A primeira foi na peça Inverno da Luz Vermelha, de 2010. O filme, o segundo dirigido por Rafael Primot (Gata Velha Ainda Mia, 2013), acompanha outras duas histórias: a de uma mulher que tenta se conectar com a enteada durante o velório do marido e a de um entregador que comete um crime para conquistar uma garçonete.

    As histórias, que beiram grandes clichês de comédias românticas, compõem uma narrativa de humor obscuro. O próprio Primot, que também assina o roteiro, caracteriza a produção como “um filme de amor esquisito”. “Acho que é sempre tempo de falar de amor. O texto é melado, mas fui tentando dar um ar fresco para essas histórias comuns. Há uma colagem de várias coisas um tanto cafonas, mas que a gente faz durante a vida”, explica.

    Além de divulgar o longa, Marjorie está gravando a segunda temporada da série Sob Pressão, que tem previsão de estreia para o segundo semestre na Globo. O drama médico, que é gravado em uma parte desativada do Hospital Nossa Senhora das Dores, na zona norte do Rio de Janeiro, abordará a corrupção dentro da saúde pública. Confira a entrevista completa com a atriz: 

    Na preparação para viver a Lia, rompeu algum preconceito com o sadomasoquismo? Não sei se quebrei preconceitos, porque não sei se tinha algum conceito formado sobre o sadomasoquismo, mas, através da imagem e do estereótipo, certamente, meu imaginário criou um pouco. A partir da pesquisa, conheci de fato como é. O ser humano é único e acho que os rótulos servem como forma de organização, mas eles não devem nunca cercear a sua liberdade de existir, seja sexual ou socialmente. Para mim, foi muito valioso esse contato. Durante o trabalho, você não se vê naquela fantasia ou naquele desejo e a construção da personagem vai te deixando mais próxima, aquilo se torna acessível. É só uma maneira particular de ver a vida.

    Os personagens foram me libertando da crítica de viver alguém que eu não conheço. O desconhecido me assustava muito. Dessa vez foi muito instigante e provocante viver isso.

    Você conseguiu conhecer apetrechos de sadomasoquismo antes da gravação?

    Sim. Dentro da pesquisa e da construção da personagem, fiz muitos exercícios práticos, além da parte teórica com documentários e vídeos. Era fundamental ir desenvolvendo uma intimidade com esse vocabulário e esses recursos. Foi divertido. Não sei se é uma fase da minha vida ou não, mas  sempre fui muito crítica sobre o meu trabalho. Acho que em outro momento, fazendo um paralelo com a outra prostituta que eu vivi, por exemplo, era muito mais difícil. Os personagens foram me libertando da crítica de viver alguém que eu não conheço. O desconhecido me assustava muito. Dessa vez foi muito instigante e provocante viver isso.

    Você ainda é muito crítica com a sua carreira? 

    Sempre. A autocrítica me ajudou muito. Antes, eu acho que sofria. Ao mesmo tempo, isso me ajudava a estudar mais, buscar mais recursos e descobrir como eu poderia ter prazer com aquilo que eu estava vendo de mim. Eu não abriria mão da crítica.


     Marjorie Estiano vive Lia no filme Todo Clichê de Amor

    Marjorie Estiano vive Lia no filme Todo Clichê de Amor (Reprodução/Divulgação)

    Como se sentiu quando o Selton Mello disse que estava apaixonado por você? 

    Ele se lascou (risos). O Selton é um cara que eu amo, admiro demais. Tive a sorte de poder contracenar com ele e a gente descobriu uma amizade forte. O trabalho me traz alguns vínculos que são para a vida toda. Achei linda a homenagem que ele fez para mim. Que bom que eu tenho a oportunidade de estar perto dele e que ele aconteceu na minha vida. A gente tem muitoa carinho um pelo outro. Em relação a isso, ele está pagando o preço também. Fico até com dó, porque ele fez um gesto em relação a mim, foi lindo, e agora ele pode querer se casar que as pessoas vão ficar falando que ele é apaixonado por mim. Eu peço até desculpa para a futura esposa do Selton (risos).