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7 coisas que você precisa saber antes de estudar no Canadá

21/03/17 - 15h22
Thinkstock

O Canadá é um dos destinos mais populares entre estudantes que buscam cursos no exterior. Além de ser aberto à diversidade e à multiculturalidade, o país faz esforços contínuos para atrair — e formar — mão de obra qualificada.

Quem estuda por lá muitas vezes decide ficar e pleitear a cidadania canadense. De acordo com o Escritório Canadense para Educação Internacional,  51% dos alunos estrangeiros no país pretendem solicitar um visto de residência permanente no país ao fim de seus estudos.

Obter um diploma expedido por uma instituição de ensino canadense é uma das principais portas de entrada para interessados em imigração. Entre 2006 e 2016, dizem informações oficiais, 18.697 brasileiros se mudaram definitivamente para o país.

Educação de qualidade, excelentes serviços públicos, cultura amigável e alto nível de qualidade de vida parecem formar um cenário perfeito na cabeça de alguns brasileiros que sonham com o Canadá.

Mas não é bem assim: para tomar a decisão de estudar, trabalhar ou até morar definitivamente no país, é preciso conhecer bem as contrapartidas exigidas pela aventura.

Uma delas é o custo de vida, que pode ser bastante alto em cidades como Vancouver e Toronto, além do fato de que as instituições do país raramente oferecem bolsas de estudo. Isso para não falar nas temperaturas geladas do Canadá e a escassez de luz solar durante uma parte do ano.

Para ajudar você a embasar sua decisão, reunimos 7 fatos que você necessariamente precisa saber sobre o assunto antes de fazer as malas:

  • 1. A maioria dos brasileiros vai estudar em faculdades, não em universidades

    De acordo com Rosa Maria Troes, presidente da Canadá Intercâmbio, agência especializada em facilitar estudos no país, os brasileiros costumam buscar o país para fazer ensino médio ("high school"), aprender idiomas (inglês e francês) e fazer cursos em faculdades (“colleges”) ou universidades. A formação em um “college” costuma ter de um a dois anos de duração, e é voltada a ciências aplicadas, isto é, ensina a prática do que o mercado de trabalho em uma determinada área exige. “É a opção mais comum e também a mais indicada para brasileiros, inclusive para cursos de pós-graduação”, afirma Troes. O certificado de um “college” costuma ser bastante valorizado pelas empresas —  para não falar no fato de que ter uma qualificação local faz muita diferença na hora de arrumar um emprego no país. 

    Já as universidades são direcionadas à pesquisa e desenvolvimento. Não são indicadas apenas para quem busca  carreira acadêmica, mas costumam ser menos abertas à entrada de estudantes estrangeiros, segundo a especialista. Vale ainda mencionar que a opção depende do seu nível de inglês. Cursos em faculdades e universidades exigem nível avançado em inglês ou francês. Se o seu domínio do idioma ainda não é tão elevado, uma alternativa é procurar cursos técnicos com foco em estudantes internacionais, que costumam durar entre 6 meses e dois anos. 
    Na província de Québec, os cursos superiores e técnicos são, via de regra, bastante parecidos com os que existem no Brasil, o que facilita a equivalência das profissões lá e cá. Assim, para grande parte das áreas, não é necessário revalidar o diploma obtido no Brasil, com algumas exceções importantes: é obrigatório o reconhecimento pelo conselho local no caso de engenheiros e contadores, por exemplo.

  • 2. Não há grande oferta de bolsas (mas os cursos são mais baratos do que nos EUA)

    (PamWalker68/Thinkstock)

    O Canadá tem cerca de 90 instituições de ensino públicas e 18 privadas. Mesmo as públicas são pagas. Via de regra, o estudante estrangeiro precisa se submeter a uma mensalidade mais alta do que o doméstico — afinal, o canadense já paga impostos que subsidiam a educação no país. 
    Segundo Troes, faculdades e universidades canadenses não oferecem bolsas de estudo para alunos internacionais com tanta frequência quanto as norte-americanas. 
    Por outro lado, os valores da mensalidades no Canadá costumam ser mais baixos do que nos Estados Unidos. O preço varia muito. Em “colleges”, o custo pode ir de 12 a 20 mil dólares canadenses por ano acadêmico. Já nas universidades, o valor depende muito do curso escolhido, mas pode chegar a 35 mil dólares canadenses por ano.

  • 3. O processo seletivo é bem peculiar

    Não existe uma única prova, como o vestibular ou o Enem no Brasil, para ser aceito por uma instituição canadense. O candidato é avaliado pelo seu histórico acadêmico, isto é, pelos quatro últimos anos da sua educação. 

    Tanto as notas quanto as disciplinas cursadas são levadas em consideração. Se o seu curso na Canadá envolve matemática e as suas notas mais recentes na matéria não são boas, é provável que você seja rejeitado. O veredicto será esse ainda que atualmente você seja capaz de tirar 10 numa prova sobre o assunto.

  • 4. Você precisa conhecer as regras se quiser trabalhar enquanto estuda

    Troes explica que, até o ensino médio, o estudante não pode trabalhar no país. Depois disso, na faculdade ou universidade, está liberado — mas só durante 20 horas por semana. Se está fazendo estágio, está autorizado a cumprir 40 horas semanais. 

    As leis trabalhistas são iguais para nativos e estrangeiros; o que pode mudar é o valor da hora trabalhada de cada um. É fundamental conhecer a fundo as regras para trabalhar legalmente, diz a presidente da Canadá Intercâmbio, assim como buscar o máximo de informações para solicitar o tipo de visto mais adequado ao tempo e ao objetivo da sua viagem ao país.

  • 5. Toronto e Vancouver são as cidades mais caras

    “Todas as cidades canadenses recebem bem os estrangeiros, das menores às maiores”, garante Troes. “Ainda assim, quem vai fazer o ensino médio ou cursos de idiomas costuma preferir cidades pequenas, porque lá as pessoas têm mais tempo e disponibilidade para ajudá-las”. 

    Cidades maiores como Toronto e Vancouver, por outro lado, são mais efervescentes do ponto de vista cultural. São também as mais custosas para morar e comer. Vancouver é uma das cidades mais caras do mundo para viver, embora seja um destino bastante popular entre brasileiros. 
    Uma alternativa para quem não quer abrir mão desses destinos é morar na Grande Toronto ou na Grande Vancouver. As regiões metropolitanas costumam ser um pouco mais baratas, e o transporte público de qualidade do país permite deslocamentos relativamente fáceis até o centro. 
    De acordo com Troes, cidades localizadas na província de Québec, como Montréal, têm um custo de vida mais baixo do que cidades similares que ocupam regiões anglófonas do país. 
    O dinheiro é um ponto de atenção para qualquer brasileiro que pretenda estudar no país. Além de proficiência no inglês ou no francês e as devidas qualificações acadêmicas, o aluno estrangeiro precisa provar que tem condições financeiras para se manter naquele período no país, inclusive com demonstrativos bancários.

  • 6. A essência do país é o multiculturalismo

    Historicamente, o Canadá é resultado de tradições indígenas, britânicas e francesas, que formaram um complexo mosaico cultural e linguístico. Com a abertura do país a imigrantes de todas as partes do mundo, esse “caldeirão” se tornou ainda mais temperado. 

    Hoje, convivem nacionalidades das mais diversas matizes no país. Segundo o jornal “The Guardian”, o Canadá recebeu cerca de 300 mil estrangeiros em 2016, dos quais 48 mil são refugiados. Cerca de 85% dos recém-chegados se tornam residentes permanentes. A região metropolitana de Toronto é a cidade mais diversa do planeta: metade dos seus residentes nasceu em outro país. 
    “Muita gente vai para o Canadá e diz que ‘o que menos vê é canadense’, no sentido de não ver tantas pessoas brancas, de olhos azuis”, diz Troes. “O Canadá é um país multicultural por excelência, então venha sabendo que você encontrará a diversidade, principalmente nas cidades maiores”.

  • 7. O Canadá é um “país de regras”

    Apesar de habituado à multiculturalidade, o canadense tem seus próprios padrões de comportamento — que podem causar algum estranhamento inicial em estudantes brasileiros. Embora amigáveis e educados, os locais costumam ser mais reservados do que nós. Também são mais diretos e objetivos: se você não fizer um certo esforço para se enturmar, dificilmente será incluído automaticamente em jantares e saídas, por exemplo. Vencida essa “inércia” inicial, porém, os canadenses se tornam amigos verdadeiros e extremamente leais, garante Troes. 

    Outra diferença cultural importante é a atenção às regras. “Se algo é proibido, é proibido”, diz a presidente da Canadá Intercâmbio. “Eles esperam que você respeite horários e cumpra com todas as suas obrigações”. Festas e baladas são menos frequentes, e a maioria das pessoas passa bastante tempo em casa — inclusive ocupada com limpeza e outras tarefas, já que o preço cobrado por empregadas domésticas é alto.