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Você tem medo da reforma da previdência? Saiba como garantir sua aposentadoria

06/01/17 - 10h53

A reforma da Previdência Social ainda está cerca de dúvidas. Em meio à desinformação, muitos temem a segurança de suas aposentadorias. O especialista Paulo Henrique Nogueira Corrêa, em artigo publicado no Jornal do Comércio, traz algumas explicações sobre como garantir sua aposentadoria.

Para Nogueira, embora não seja uma unanimidade, a reforma da previdência é algo que chega para a sociedade como uma necessidade premente. ?A cada ano, os gastos com os aposentados aumentam de forma muito mais significativa que a quantia que é arrecadada com os contribuintes, o que gera um déficit enor­me. Não se trata de questão filosófica, e sim, matemática. Dados estatísticos mostram que, em 2016 a diferença entre valor gasto e arrecadado foi de cerca de R$ 150 bilhões. A estimativa para 2017 é de R$182 bilhões?, alerta. 

A explicação, para o jurista, está na mudança do perfil do brasileiro. ?Felizmente, a expectativa de vida aumentou bastante no Brasil, fazendo com que um crescente número de aposentados receba os valores previdenciários por mais tempo. Em contrapartida, ocorre a diminuição da natalidade (número de filhos por família), o que reduz o núme­ro de contribuintes que sustentam hoje o sistema pre­vi­denciário. Se continuar assim, o sistema não mais se sustentará e o risco que corremos é que, dentro de pouco tempo, as aposentadorias deixem de serem pagas aos idosos?, alerta.

Destacando que a proposta atual ainda está longe de ser aprovada ?" antes do texto final, ainda transitará pela Câmara e Senado - o jurista explica que qualquer decisão radical hoje, como abandonar a contribuição ao INSS, seria prematura. ?Eu continuo entendendo como uma boa opção a previdência social do INSS, mesmo diante da ideia apresentada pelo atual governo. Isso porque não é fácil encontrar, no mercado atual, planos que ofertem a mesma quantidade de benefícios e pelo preço exigido pela Previdência Social. Além do valor que se recebe quando a aposentadoria chega, o INSS assegura em casos de invalidez por doenças, acidentes, pensão por morte e afastamento temporário por doença?, frisa.

Agora, se a pessoa não acredita na Previdência Social como algo vantajoso, mas possui disciplina para fazer economia, existem inúmeras opções em nosso mercado que vêm pagando melhores rendimentos que a poupança, conforme lembra Paulo Henrique Nogueira Corrêa: ?Tesouro Direto, com juros pré-fixados e tesouro Selic, podem ser uma boa opção para investidores mais conservadores e que procuram o menor risco. Para aqueles que gostam de arriscar mais, existem como alternativas, o Tesouro IPCA e os Fundos Imobiliários (diversificados)?, lista.

Previdência privadaCom medo do futuro da Previdência Social, um grande número de brasileiros migrou para a Previdência Privada. Mas será que este é mesmo um bom negócio? Para o jurista, a recomendação é de cautela: ?O aumento do número de contratantes da Previdência Privada é fruto de direcionamento de marketing, que se vale do momento pelo qual passa a sociedade para vender um produto. Bancos e agências corretoras que buscam, como de praxe, angariar lucro com os valores ?investidos?, vendem a ideia de uma aposentadoria complementar no futuro. Não digo que qualquer previdência privada trata-se de um mau negócio, mas sim, que é preciso analisar com cuidado. O investidor deve sempre verificar as taxas cobradas pela Previdência Privada que estuda contratar, assim como a tributação que incidirá na hora de sacar o fundo, comparando este investimento com outros disponíveis no mercado, sob pena de se realizar um contrato que poderia gerar melhores resultados, caso a mes­ma quantia fosse investida em outras fontes?, explica.Investindo no tesouro Os especialistas da área não têm ressalvas em dizer: o brasileiro não sabe investir; não foi educado para isso. Poupar, por anos a fio, foi sinônimo de ?colocar o restinho que sobrava do pagamento na poupança? que hoje, para muitos, não é lá vista como uma opção muito rentável de investimento.  Investir era coisa para quem tinha bastante dinheiro sobrando. Mas será que é assim mesmo? O advogado lembra que não: há mecanismos que possibilitam bons ganhos para quem tem muito ou pouco dinheiro para investir e até opções mais ousadas.Paulo Henrique Nogueira Corrêa lembra que são inúmeras as opções disponíveis no mercado atual e que os investimentos devem variar de acordo com o perfil do investidor. ?Para aqueles que possuem um perfil conservador, como o meu, e não têm tanto tempo para estudar as variações diárias de mercado, a proposta mais viável é focar na renda fixa de médio e longo prazo. Já aqueles que possuem um perfil moderado, dispostos a correr mais riscos, o mercado de ações pode ser uma boa opção, através de um fundo de ações mais confiável, ou, às vezes, os fundos imobiliários, que podem ser interessantes também. Para os de perfil mais agressivo, que estão dispostos a ganhar ou perder mais, o mercado de ações com investimentos diários oferece grandes possibilidades?, lista. Bem atrativo, capaz de abranger as demandas de quem tem pouco ou muito capital disponível, o tesouro direto oferece opções de investimentos a partir de R$ 30. ?Para ser mais didático, vale dizer que investir no Tesouro Direto é o mesmo que emprestar dinheiro para o Governo Federal, o que torna o investimento um dos mais seguros: para que o investidor tome um calote, o país, como um todo, tem que ?quebrar?. Para investir, basta entrar no site do Tesouro Direto (http://www.tesouro.fazenda.<wbr />gov.br/tesouro-direto), e verificar os vários vídeos e tutoriais que irão lhe orientar. O site conta também com uma lista de corretoras (inclusive virtuais, pelas quais se pode investir por aplicativo de celular) que cobram taxa zero para o investimento?, explica o advogado.Além da possibilidade de se investir com pequeno capital e de maneira segura, ganhos rotineiramente maiores que a taxa de inflação ?" e, consequentemente, melhores do que os da poupança ?" são um atrativo. ?A poupança possui histórico de não se igualar à inflação, fazendo com que o dinheiro daquele investidor não acompanhe a valorização real da moeda e sofra perda real acumulada com a ilusão de ganho. Em contrapartida, o tesouro conta com inúmeras possibilidades de investimento. Permite aplicar valores em papéis que possuem os juros já fixados previamente e que são garantidos para aqueles que não correm risco de precisar do dinheiro em curto prazo, uma vez que a lucratividade final pré-contratada só é garantida se o título for resgatado em seu vencimento?, explica.

Outra opção são papéis pós-fixados, para os quais os juros vão sendo aplicados pelo período em que o título permanece sem resgate e são pagos no momento do resgate, de acordo com a situação financeira atual. Mais opções devem vir sendo estudadas com o tempo, ou com a ajuda de uma corretora. Daí vale estar atento às taxas e tributações cobradas por ela, para que seu investimento não se configure em prejuízo?, aconselha.

Para quem se interessa pelo assunto, uma dica importante é pesquisar: ?O investidor precisar saber que nem sempre as instituições bancárias tendem a orientar para as melhores opções de investimento. Elas focam nos pacotes que lhes proporcionam mais lucro. Por isso, é preciso tomar o cuidado que seu dinheiro merece e pesquisar bastante. A internet hoje é uma fonte inesgotável de conhecimento, com textos técnicos de bons economistas a respeito do tema e vídeos que, da mesma forma, ensinam como se investir. Vários deles podem ser encontrados no próprio site do tesouro direto?, considera. 

No caso de dúvidas, vale a pena investir na contratação de um especialista: ?Embora isso gere custos, muito provavelmente irá lhe poupar grandes perdas no futuro, pois é um profissional experiente saberá identificar com mais facilidade quais os problemas, perigos e incertezas que poderão lhe surpreender no que pretende fazer. Não hesite em procurar ajuda de quem já deve ter passado pelo que você está se propondo a passar e não deixe de realizar seus próprios estudos, até mesmo para poder questionar com mais propriedade?, finaliza.