Maceió

Segurança nas unidades de saúde de Maceió deve ser reforçada

07/04/17 - 14h21
Niviane Rodrigues/Dicom

A segurança nas unidades de saúde da capital deve ser reforçada. A medida vem como resposta à audiência pública, convocada pelo vereador Luciano Marinho (PTN), e realizada na manhã desta sexta-feira (7), na Câmara Municipal de Maceió. A sessão debateu o problema enfrentado pelos profissionais que atuam nos postos e são vítimas de ameaças e agressões. O secretário municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social, coronel Ivon Berto, se comprometeu em realizar um levantamento sobre as necessidades de cada unidade e encaminhar ao secretário municipal de Saúde, José Tomaz Nonô.

A partir daí, haverá a redistribuição do efetivo da Guarda, ampliando a segurança nas unidades de saúde onde há maior número de casos de violência. “Vamos implantar este mês rondas ofensivas em toda capital, para fazer frente aos conflitos que envolvem a segurança, inclusive nos postos de saúde. Sentamos com o secretário Thomaz Nonô e ele já tinha repassado todas as demandas”, informou Ivon Berto, ao dizer que ao assumir a recém-criada secretaria enfrenta dois grandes desafios. “O de construir a segurança pública em Maceió e o de fazer fiscalização na área de segurança e convívio social”.

Segundo ele, são 145 guardas fazendo segurança 90 postos em Maceió. “Estamos partindo do zero no município, mas vamos apresentar um projeto que transformará a segurança municipal em modelo. Precisamos da Guarda armada, equipada com viaturas e pessoal para fazer frente à violência. Nós já temos um monitoramento através de vídeo, mas é preciso que a gente avance”, disse, ao afirmar que as ações do município estão sendo implementadas, embora o Artigo 144 da Constituição Federal diz que é dever do Estado promover a segurança pública.

PREJUÍZO - Em sua fala, o vereador Luciano Marinho revelou que ele também foi vítima de violência quando atuava como funcionário em um posto de saúde de Maceió. Destacou o trabalho da Guarda Municipal, mas disse que é preciso que se tome providências. “Na condição de presidente da Comissão Permanente de Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público, diante da solicitação que recebi dos servidores e tendo conhecimento da situação constrangedora que tem amedrontado os servidores das unidades de saúde, decidi trazer a discussão para esta Casa”, destacou.

O parlamentar considera que “o problema não traz prejuízo somente para os cofres públicos, quando unidades são invadidas por bandidos e equipamentos subtraídos, mas principalmente à integridade física dos servidores e usuários. Muitas dessas unidades estão instaladas em áreas consideradas violentas da nossa cidade, onde o tráfico vai lá e diz que hora o posto vai funcionar ou não. É um prejuízo para a sociedade fechar a unidade porque o criminoso está mandando”, lamentou.
O subcomandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Cícero Silva, disse que a Polícia Militar já vem fazendo rondas nos postos. Afirmou que todos os meses vêm sendo realizadas reuniões de avaliação para saber se as rondas têm surtido o efeito desejado e que uma próxima está marcada para o dia 26 deste mês, quando as demandas da audiência pública serão levadas à avaliação dos integrantes da comissão.

ÍNDICE CRESCENTE - O presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde de Maceió, Alexandro Fernandes, disse que são muitos os servidores que têm adoecido dentro das unidades por conta da falta de segurança e das ameaças que sofrem. Agradeceu à Câmara por realizar o debate e disse lamentar que no Dia Mundial da Saúde a discussão seja sobre o problema de segurança, em vez de se discutir os avanços. “O índice de violência vem crescendo muito, a ponto de se chegar a agressões físicas”, ressaltou ele ao afirmar que são vários os fatores que levam à iolência, entre eles a falta de medicamentos e até de farmácia nos postos”, revelou.

O representando o Conselho Municipal de Saúde, Hugo Alexandre, declarou que este “é um tema que a gente tem que discutir bastante. Uma situação que termina incapacitando o trabalhador e prejudicando a população”. Ele revelou que foi ameaçado por não entregar um medicamento de tarja preta a duas pessoas “visivelmente suspeitas de serem marginais”.

Representando o secretário municipal de Saúde, José Tomaz Nonô, que não pôde comparecer à audiência, Karine de Andrade Lopes, diretora de Gestão Administrativa da secretaria, agradeceu o convite para o debate. “A secretaria faz saúde. Dificilmente, sozinha, conseguiria ajudá-los com segurança. Os relatos vêm para contribuir para as providências necessárias”, afirmou.

Já o diretor do Sindicato da Guarda Municipal (Sindguarda), Charles Sanches, relatou que quarta-feira estava de serviço e foi fazer ronda em alguns postos. “Vimos situações terríveis, a ponto de os funcionários terem que entregar ficha através das grades, com medo dos bandidos. Uma funcionária nos disse que vê o pessoal transitando armado dentro do posto. Traficantes disputando região e o posto fica no meio”, declarou.

Funcionária do PAM Salgadinho, Sandra Gomes, também fez um relato emocionado sobre a situação que enfrentam na unidade. “Nós que somos servidores de saúde, hoje estamos buscando em nós mesmos o que temos para dar à população, porque condições não estamos tendo. Falta material, segurança, profissional. É um pedido de socorro que fazemos aqui”, ela disse ao contar que na ala destinada ao atendimento de paciente com HIV e DSTs muitos são os funcionários ameaçados por usuários armados com canivetes, ou pedaços de vidro.

Presente ao debate, o vereador Eduardo Canuto (PSDB), destacou a importância da realização da audiência. “Sabemos das limitações físicas, humanas, às vezes até orçamentária, mas nós não podemos nos omitir como Câmara Municipal de assumir essa responsabilidade. Da responsabilidade de discutir e ser protagonista. Quero parabenizar vossa excelência, vereador Luciano Marinho, e pedir que faça um relatório para que a gente apresente à Comissão de Saúde desta Casa, encaminhando ao município com todas as demandas aqui discutidas”, afirmou.