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Autoridades de México e EUA admitem diferenças, mas prometem trabalho conjunto

23/02/17 - 16h51

Graduadas autoridades de México e Estados Unidos fizeram pronunciamentos conjuntos na tarde desta quinta-feira, em evento na Cidade do México. Os representantes dos dois governos admitiram diferenças importantes nos dois lados, mas buscaram ressaltar que há um compromisso para trabalharem em conjunto para superar isso.

O ministro das Relações Exteriores mexicano, Luis Videgaray, disse que o processo de negociação entre os dois países "será longo e não necessariamente simples", mas deve prosseguir. "Vamos continuar as conversas com os EUA sobre assuntos como imigração e comércio", citou. Sobre a questão imigratória, Videgaray ressaltou a importância de estudos e de uma solução conjuntos para o tema. As autoridades mexicanas lembraram que, além dos imigrantes do próprio país, o território do México é uma zona de trânsito de muitos imigrantes centro-americanos que tentam uma vida melhor nos EUA.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou que ele e o restante da administração têm grande afeição pelo México, "um vizinho muito próximo". Tillerson reafirmou a cooperação "estreita" em questões comerciais e econômicas, como no setor de energia. "Podemos aproveitar oportunidades econômicas" positivas para ambas as nações, apontou, além de argumentar também que as duas partes "têm condições de reduzir suas diferenças". "Estamos ansiosos por novas reuniões bilaterais, talvez em Washington", afirmou ele.

O encontro entre importantes autoridades é realizado em um momento delicado da relação entre EUA e México. O presidente americano, Donald Trump, prometeu construir um muro em toda a fronteira bilateral, que segundo Trump será pago com dinheiro mexicano. Além disso, Trump fez em vários momentos críticas duras aos imigrantes mexicanos, qualificando-os como "homens maus" e "estupradores" na campanha eleitoral. Após a eleição, o presidente republicano manteve a retórica dura contra os imigrantes, com promessas de fortalecer as fronteiras para garantir empregos para os próprios americanos e evitar a entrada de terroristas. Trump promete também rever o Nafta, acordo comercial que envolve EUA, México e Canadá, e diz que o México leva vantagem financeira sobre os EUA nessa relação.

O secretário de Segurança Interna americano, John Kelly, lembrou nesta tarde que o que acontece no território mexicano afeta os EUA e vice-versa, por isso a importância da colaboração. "A relação com o México ajudará a criar empregos dos dois lados da fronteira", argumentou. "Temos a responsabilidade de tornar os dois países mais seguros", disse Kelly. O secretário ainda garantiu que "não haverá deportações em massa, tudo será feito de maneira legal". De acordo com Kelly, o foco das deportações será de criminosos e tudo será feito em cooperação com o México. "Não usaremos a força militar nas operações de imigração", disse também ele.

O secretário de Interior mexicano, Miguel Ángel Osorio Chang, também ressaltou a necessidade de coexistência entre os países, em sua fala. "Os EUA precisam do México e o México precisa dos EUA", resumiu.

Nenhuma autoridade presente no evento citou em público a questão do muro na fronteira, um ponto de discórdia entre os dois governos.