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Trump faz viúva de soldado morto no Níger chorar

23/10/17 - 23h25
Joe Skipper/Reuters

Donald Trump passou por momentos constrangedores ao ligar para a viúva de um soldado americano morto em uma emboscada no Níger para prestar suas condolências. Segundo a esposa do militar, o presidente não conseguiu lembrar do nome de seu marido e a fez chorar.

Myeshia Johnson, casada com o sargento La David Johnson, também afirmou que Trump teria dito que o militar “sabia ao que estava exposto quando se alistou”. As declarações foram dadas pela americana a um programa da emissora ABC.

“Sim, o presidente disse que ele (meu marido) sabia ao que estava exposto quando se alistou, mas que era doloroso de qualquer jeito (…) Isso me fez chorar porque estava muito aborrecida com o tom de sua voz e como disse isso”, afirmou Myeshia.

A viúva, grávida do terceiro filho do casal, disse que percebeu que o presidente não conseguia lembrar o nome de seu marido e que isso a machucou muito. “Se meu marido estava lá fora, lutando por nosso país e arriscando sua vida por nosso país, por que ele não conseguia lembrar do nome dele?”, disse. “Isso me fez chorar mais ainda porque meu marido era um soldado maravilhoso”, acrescentou.

O presidente respondeu às acusações imediatamente no Twitter, negando que tenha esquecido o nome do militar falecido. “Tive uma conversa muito respeitosa com a viúva do sargento La David Johnson, e mencionei seu nome desde o início, sem hesitar!”, assegurou.

As acusações de que Trump havia desrespeitado a esposa do sargento Johnson foram feitas ainda na semana passada, pela congressista Frederica Wilson. A democrata é amiga da família de Myeshia e estava ao lado da mulher quando ela recebeu a ligação do presidente.

A controvérsia sobre o telefonema de condolências cresceu com o passar dos dias e Trump chegou a chamar a congressista Wilson de “louca”. Além disso, o chefe de gabinete da Casa Branca, o general reformado John Kelly, defendeu Trump e se disse “estupefato e decepcionado” pelas críticas que estava sofrendo.

As denúncias de Wilson só foram comprovadas pelo depoimento de Myeshia, dado nesta segunda-feira. O sargento La David Johnson morreu este mês em uma emboscada no Níger junto com outros três militares americanos. A patrulha conjunta sofreu em 4 de outubro um ataque de um grupo extremista na fronteira com o Mali. Além dos quatro soldados americanos, outros quatro do Níger morreram.

Um oficial do Pentágono anunciou nesta segunda que, apesar do ataque contra os militares americanos, o Exército dos Estados Unidos manterá suas operações no Níger. Segundo o general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto, os americanos contam atualmente com 800 funcionários militares no país africano, sua maior presença na África subsaariana. Eles se dedicam a trabalhos de apoio e treinamento do Exército nigerino na luta contra insurgentes.