Polícia

Corpo de alagoano morto por militares por supostamente furar blitz na Paraíba é enterrado em Alagoas

24/10/16 - 13h12
Redação

O corpo do estudante, Cícero Maximino da Silva Júnior, conhecido pelos amigos como Eduardo Júnior, morto após ser atingido por um disparo de arma de fogo feito por policiais militares depois de supostamente ter furado uma blitz na cidade de João Pessoa, na Paraíba, foi enterrado na manhã desta segunda-feira na cidade onde ele morava, Teotônio Vilela, em Alagoas. Ele era o garupa da moto, foi atingido e morreu no local.

Miriane Silva, irmã do estudante, declarou a imprensa da Paraíba que a versão da PM, de que seu irmão estaria portando uma arma e que teria sacado contra policiais, é mentirosa. Ele negou o suposto envolvimento do irmão em crimes e afirmou que tudo será provado.

“A polícia errou em matar meu irmão. Não precisava disso. Vamos provar que a PM está mentindo. Tudo que tinha na bolsa do meu irmão pertencia a ele e ao amigo e tem nota fiscal. Eles não estavam armados. Os dois são pessoas de bem. Queremos e vamos fazer a justiça”, falou a jovem por telefone.

Comandante afirma que militares agiram de forma correta

Já o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar da Paraíba, tenente-coronel Victor Lamarck, afirmou que os procedimentos dos policiais na blitz na orla de Manaíra, em João Pessoa, capital do Estado, foram corretos.

Os militares teriam disparado contra os dois estudantes que supostamente furaram a blitz sob a alegação de que um dele estava sacando uma arma e que o condutor da moto tentou atropelar os policiais. O alagoano foi atingido e morreu no local.

A declaração do comandante foi feita em entrevista a uma emissora de televisão paraibana no começo da manhã de hoje (24), onde afirmou que mesmo sendo corretas, as ações do militares serão investigadas. Para ele a ação da polícia foi uma reação. “Ao perceber que não parou, a polícia reagiu. Ainda mais quando ele tentou sacar uma arma”, afirmou.

O comandante ainda comentou a versão do condutor da moto, que negou estar armado e afirmou que não viu a blitz. Para ele a negativa é comum a todas pessoas que são presas, que negam portar arma, drogas ou qualquer produto ilícito.

“Estamos nas ruas em defesa da sociedade. Se eles estavam passeando, muitas pessoas estavam. A expectativa é que as imagens, que as testemunhas ajudem”, disse o tenente-coronel.

O coronel informou ainda que o condutor precisa ser identificado e responder o porquê da ação dele. “Foi à ação dele que, de fato, provocou a reação da polícia”, registrou.

Arma foi enviada para perícia.

A arma, que supostamente estava em posse dos estudantes, um revólver calibre 38, que teria sido achado com o estudante universitário Eduardo Júnior será encaminhado para a perícia no Instituto de Polícia Científica (IPC), em João Pessoa ainda nesta segunda-feira.

A informação foi confirmada pelo delegado Giovanni Jacomelli, que vai presidir o inquérito.

O delegado afirmou que a arma encontrada estava com quatro munições intactas e que não há numeração aparente na arma de fogo. Jacomelli disse ainda que no inquérito não constam os aparelhos de celular que, segundo a PM paraibana, teriam procedência "duvidosa".

“Não recebi celular algum. Apenas consta a arma de fogo”, resumiu, dizendo que a Delegacia de Homicídios tem até 30 dias para encerrar o inquérito.

Corregedoria da PM vai investigar ação de militares

O corregedor geral da Polícia Militar da Paraíba, coronel Jerônimo Araújo, disse que uma sindicância será instaurada para apurar se houve erro da guarnição envolvida na ação. “Vou receber a ficha de ocorrência ainda nesta segunda, abrir uma sindicância para apurar a morte do estudante e saber se houve erro ou não do PM. Tudo será analisado e investigado pela Corregedoria. Ainda é prematuro dizer algo sobre o caso”, comentou.

Motivo da viagem

Segundo informações de amigos de Eduardo passadas ao TNH1, ele saiu de Maceió na quinta-feira, dia 20, para comemorar um mês de namoro com um rapaz que mora em João Pessoa. Ele contou que o jovem estava muito animado e fazendo contagem regressiva para a ida à capital paraibana.

Eduardo concluiria o curso de Fisioterapia em dezembro deste ano. "Lá, estava tendo essa blitz e ninguém sabe o que aconteceu", lamentou o amigo.