Polícia

Operação Kali: laranja teria movimentado R$ 14 milhões em apenas sete meses

05/12/17 - 11h46
TNH1

Quatorze milhões. Essa é a quantia que teria sido movimentada, em apenas sete meses, pelo homem apontado como "laranja" do ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus. De acordo com a investigação da Polícia Federal (PF), a movimentação financeira é incompatível com a renda do suspeito.

A quantia teria sido movimentada entre os meses de dezembro de 2015 e junho de 2016, na conta deste homem. Ele é apontado como suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro. E de acordo com os delegados da PF, ele estaria realizando negócios, em nome de um dos laranjas, com o objetivo de ocultar o seu patrimônio.

Entre as negociações estão a venda de um apartamento, no valor de 530 mil reais e de duas caminhonetes de luxo, que fizeram com que 290 mil reais desaparecessem das contas.

Para o superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bernardo Gonçalves de Torres, o dinheiro apreendido, 297 mil reais, 5 mil dólares e 14 mil euros, na manhã desta terça-feira (5), num apartamento na orla da Ponta Verde, são frutos do bloqueio das contas de uma mulher, investigada na operação.

“Eles convivem com as contas bancárias bloqueadas, por isso essas quantias em dinheiro no cofre na casa dessa mulher. O apartamento pertence a uma pessoa que é apontada pela investigação como laranja do ex-prefeito de Marechal Deodoro na época em que os crimes aconteciam”, revelou.

Ainda de acordo com o superintendente, também houve transações para ocultar a renda oriunda de pelo menos dois imóveis comerciais em Marechal Deodoro e uma sala comercial em Maceió.

VINCULO COM A SECULT

O delegado disse ainda que o suspeito é vinculado, como cargo comissionado da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) desde janeiro deste ano, onde a secretária é a ex-esposa do ex-prefeito de Marechal Deodoro, Melina Freitas.

TNH1 solicitou à Secult uma posição sobre a informação de que um ex-motorista do ex-prefeito de Marechal Deodoro estaria na folha de pagamento da secretaria. A assessoria de comunicação informou que estará checando a informação e que deverá se pronunciar sobre o caso através de uma nota, que deve ser emitida ainda nesta terça-feira.

A investigação aponta ainda que uma reforma, no valor de R$ 104 mil, realizada num apartamento que estava sendo utilizado por outra ex-esposa de Cristiano, foi realizada para enganar os investigadores. Esse total estaria vinculado a um contrato de R$ 17 milhões, realizados entre a empreiteira e a prefeitura da cidade.

A investigação apontou ainda que verbas do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) teriam sido utilizadas na reforma de uma casa em Marechal Deodoro. Pelo menos R$ 110 mil teriam sido usados na compra de móveis planejados com uma loja aqui em Maceió.

Durante a negociação, o prefeito ligou para o então secretário de finanças que teria levado o valor em espécie para o prefeito, para que o pagamento fosse executado.

Os delegados disseram ainda que uma construtora, que possuía um contrato de R$ 8 milhões, com o poder executivo municipal, teria reformado um imóvel do ex-prefeito na cidade.

A operação prendeu ainda três caminhonetes, uma Mitsubishi L-200, uma Volkswagen Amorok, uma Toyota Hilux, além de outros carros, entre eles modelos importados.

Veja vídeo: