Saúde

Veneno mortal de uma aranha pode deter danos cerebrais causados por derrame, afirmam cientistas

22/03/17 - 14h50

A mordida de uma aranha teia de funil australiana pode matar um ser humano em 15 minutos – mas pode ser que seu veneno se torne o primeiro tratamento para danos cerebrais causados por um derrame.

derrame.">Cientistas estavam trabalhando no sequenciamento do DNA do veneno quando perceberam um composto que supostamente pode ser muito benéfico para quem sofre de derrame.

O inofensivo composto, Hi1a, deverá proteger as células do cérebro, impedindo que elas sejam destruídas por um derrame cerebral, mesmo quando administrado horas mais tarde, de acordo com os pesquisadores.

Os testes clínicos em humanos, que os cientistas esperam começar em dois anos, irão avaliar o potencial do composto, que pode acabar se tornando o primeiro tratamento do tipo.

“Acreditamos que, pela primeira vez, descobrimos uma forma de minimizar os efeitos da lesão cerebral causada pelo derrame”, disse o Professor Glenn King, UQ Institute for Molecular Bioscience, ao AAP.

Guardian, a molécula se destacou porque se parecia com uma duplicata de um outro químico que protege as células do cérebro.">Segundo o Guardian, a molécula se destacou porque se parecia com uma duplicata de um outro químico que protege as células do cérebro.

Os cientistas das Universidades de Queensland e Monash, que examinaram o veneno extraído de aranhas encontradas em Orchid beach, Queensland, testaram o composto em ratos.

Proceedings of the National Academy of Sciences, constatou que administrar Hi1a duas horas após um derrame reduz a extensão do dano cerebral em ratos em até 80 por cento.">O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, constatou que administrar Hi1a duas horas após um derrame reduz a extensão do dano cerebral em ratos em até 80 por cento.

Mesmo até oito horas após o derrame, ele reduz o dano cerebral em cerca de 65 por cento.

Os cientistas descobriram que o composto age bloqueando os canais iônicos nas células, particularmente aqueles que reagem à acidez no cérebro.

“Os ratos que não receberam o tratamento ficaram muito mal após o derrame. O desempenho neurológico e motor deles caiu terrivelmente”, disse King. Ele acrescentou que o Hi1a “quase restaurou essas funções ao padrão normal”.

Kate Holmes, da Stroke Association, disse que qualquer tratamento capaz de reduzir danos causados por um derrame é bem-vindo.

“Os tratamentos atuais devem ser administrados na metade desse tempo e ainda é muito cedo para sabermos se essa pesquisa pode oferecer uma alternativa para os pacientes de derrames”, ela acrescentou.

“Nós insistimos que um derrame deve ser tratado como uma emergência. Quanto mais cedo a pessoa puder ser levada ao hospital, mais cedo o tratamento adequado pode ser administrado, o que pode melhorar as chances de sobrevivência e recuperação”, disse ela.

Aproximadamente 6 milhões de pessoas morrem de derrames todo ano.