Saúde

Vídeo mostra ambiente de abandono e falta de estrutura em casa de saúde em Maceió

25/04/17 - 12h57
Cortesia ao TNH1

Esgoto ao ar livre, banheiro sem lixeiras e pacientes que afirmam que há baratas nos quartos. O cenário grotesco pode ser visto imagens registradas pelo parente de uma pessoa internada na Casa de Saúde Miguel Couto, na Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, no bairro do Mutange, em Maceió.

O denunciante, Caio Melo, afirma que retirou a mãe do local durante o último final de semana, após uma visita onde registrou em fotos e vídeos a falta de condições estruturais do hospital. “Eu vi o que é o ser humano sofrer. As condições de lá são piores que as do presídio. Ainda pensei e deixar pra lá, depois que tirei minha mãe, mas não é justo com as outras pessoas que deveriam estar recebendo tratamento”, afirmou.

Ao TNH1, ele disse que chegou a receber ameaças de funcionários do local, quando tomou a iniciativa de gravar e fotografar a estrutura da casa de saúde. “Eles disseram que iriam me colocar pra fora, mas eu disse que iria chamar a polícia e a imprensa para denunciar o caso”, relatou.

Caio afirmou ainda que um pacote com remédios controlados teria sido deixado no leito onde sua mãe dormiu, e que esses medicamentos estariam sendo administrados sem receita por uma enfermeira do local.

Ele procurou a Central de Flagrantes para registrar um Boletim de Ocorrência sobre o caso, mas foi orientado pelos policiais a procurar a Defensoria Pública do Estado para que providências fossem tomadas.

Veja o vídeo com as denúncias:

Em fevereiro deste ano, o TNH1 recebeu outra denúncia, que não chegou a ser veiculada uma vez que o denunciante não quis se identificar e nem havia procurado os órgãos competentes para avaliar a situação. Na época, ele encaminhou fotos que mostravam pacientes deitados em colchões rasgados e outros deitados no chão. Em uma das fotos, um paciente aparece deitado nu embaixo de uma das camas; veja as imagens:

Vídeo mostra ambiente de abandono e falta de estrutura em casa de saúde em Maceió
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IMAGENS FORAM MOSTRADAS À DEFENSORIA PÚBLICA

A reportagem levou as denúncias ao defensor público Fabrício Souto, responsável pelas questões relativas à saúde pública. Ele afirmou que as informações precisam ser apuradas, mas classificou as imagens como “total descalabro”.

“Essa situação é totalmente inaceitável. Essa instituição, inclusive, até pelo perfil de pessoas que ela atende, deveria ter um grau de zelo a mais do qualquer instituição que tenha pessoas sob seus cuidados”, pontuou o defensor.

Ele afirma ainda que após a investigação, se constatada a situação denunciada, a casa de saúde pode chegar a ser fechada e ter os alvarás de funcionamento suspensos. “Tem que ver se isso pode ser sanado de algum modo, inclusive apurar as responsabilidades de quem permitiu, por omissão, a Casa de Saúde a chegar nessa condição, e em último caso, se a gravidade for tal, aplicar a interdição desse estabelecimento”, explicou.

A defensoria poderá solicitar, judicialmente, que os órgãos fiscalizadores e sanitários competentes inspecionem o local para conferir se há omissão e para que as medidas cabíveis sejam tomadas em relação ao local.

DIREÇÃO ALEGA DIFICULDADES FINANCEIRAS

O TNH1 procurou a direção da Casa de Saúde Miguel Couto. A diretora administrativa, Andreia Rocha, confirmou que o local tem sofrido com os problemas estruturais e justificou que isso se deve a dificuldades financeiras que levaram a direção da unidade a decidir pelo fechamento, que deveria ocorrer até o final deste ano.

“Nós estávamos programados para fechar até o final deste ano, mas após uma parceria fechada com a Secretaria Municipal de Saúde, para atender pacientes internos do Hospital José Lopes e outros pacientes dependentes químicos, encaminhados pela secretaria, a direção resolveu manter aberta inclusive com duas reformas programadas”, anunciou.

Ela explicou que a primeira reforma, que deve ser realizada no mês de maio, deverá preparar 40 leitos para atender a demanda encaminhada pelo município, numa área do prédio que deverá ser isolada das demais dependências. “Já no começo do mês junho estaremos prontos para atender essa demanda”, disse.

Outra ala do prédio, onde estão os pacientes residentes da Casa de Saúde Miguel Couto também deve ser reformada. “Nós já chamamos uma empresa para fazer um orçamento para essas dependências. A reforma deverá começar em junho e deve terminar em setembro ou outubro, então acreditamos que até o final do ano teremos resolvido todos esses problemas”, declarou.

Sobre acusação da administração de medicamentos sem receita, ela afirmou que o episódio foi um caso isolado. “Conversei com o diretor médico da unidade e ele me explicou que tem conhecimento deste caso, mas que não passou de um descuido da enfermeira. Nós abrimos um processo administrativo que vai apurar o caso e a funcionária poderá ser punida até com a demissão”, esclareceu.