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Criptomoeda falsa movimentou R$ 250 milhões em esquema de pirâmide no Brasil

22/09/17 - 21h31
Reprodução

A Polícia Federal prendeu 11 suspeitos de comercializar uma moeda virtual falsa chamada Kriptacoin, no Distrito Federal e em Goiânia. Os mandados fazem parte da Operação Patrik, que desarticulou um esquema de pirâmide financeira. Outras duas pessoas apontadas como integrantes do esquema ainda estão foragidas. Todas elas faziam parte da empresa Wall Street Corporate e de outras empresas laranjas, ligadas ao golpe. De acordo com as autoridades, mais de R$ 250 milhões foram movimentados com o esquema, e os suspeitos devem ser indiciados por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.

Todo esse dinheiro veio de investimentos de cerca de 40 mil vítimas. Elas investiam na Kriptacoin na esperança de obter ganhos diários de 1% e bônus de 10% para cada indicado que também passasse a investir na suposta criptomoeda – típico esquema de pirâmide financeira. Para convencer as pessoas, os integrantes do grupo colocaram anúncios publicitários na internet, TV, outdoors, marcavam reuniões e apareciam em fotos com celebridades. Outro fator que contribuiu com a adoção das vítimas foi a popularização da bitcoin; como a moeda tem ganhado manchetes no noticiário e mostra um crescimento exponencial no seu valor de mercado, muitas pessoas ficam tentadas a entrar no mundo das criptomoedas sem entender plenamente como elas funcionam. Todo o esquema foi articulado no final do ano passado e passou a vingar no começo de 2017.

No começo, algumas pessoas conseguiram obter retornos. Paulo Roberto Binicheski, procurador do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, afirma que eram permitidos saques diários de até R$ 600 na fase inicial, grana que vinha daqueles que estavam entrando no esquema. Depois de algum tempo, os saques passaram a ser semanais, até que o grupo afirmou que o sistema sofreu ataques cibernéticos, e os saques foram totalmente bloqueados. A partir daí, começaram a surgir as reclamações, e os estelionatários bloqueavam as vítimas, afirmando que elas estavam sendo investigadas por suspeita de envolvimento com fraudes dentro do esquema da criptomoeda. As aplicações das vítimas eram feitas pela internet, por meio de uma plataforma digital, mas os depósitos eram feitos em contas correntes.

No site da criptomoeda falsa, é dito que “a mineração da Kriptacoin pode ser realizada somente por Entidades Físicas ou Jurídicas permitidas dentro da plataforma Wall Street Corporate”, reafirmando que é impossível que alguém fora da rede consiga realizar a mineração. Na página da Wall Street Corporate, eles indicavam que pretendiam abrir um escritório em São Paulo “em breve”.

No Distrito Federal, 14 pessoas já haviam registrado boletim de ocorrência contra a Wall Street Corporate. No entanto, a promotoria recomenda que as vítimas contratem um advogado e busquem seus direitos, já que “não vão trabalhar para fazer ressarcimento dessas pessoas” e que será preciso “entrar na Justiça para processar essas pessoas”.

João Paulo Todde, advogado da Wall Street Corporate, afirma que as informações sobre a empresa são especulações e que, na verdade, o negócio não é uma pirâmide, mas um “sistema de marketing multinível”. Como aponta o G1, dentre os suspeitos alvos da operação no DF, três têm passagens pela polícia por injúria, ameaça, receptação, estelionato, formação de quadrilha, uso de documento falso, furto tentado, porte ilegal de arma de fogo, direção alcoolizada, lesão corporal, dano ao patrimônio e lesão culposa em acidente de trânsito.