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Leveza, bom humor, pastelão e otimismo: o raio-X do sucesso "Êta Mundo Bom"

"Enfoque NT" analisa o término da novela das seis da Globo

27/08/16 - 08h17
Reprodução/ TV Globo

Terminou nesta sexta-feira (26), a novela "Êta Mundo Bom", escrita por Walcyr Carrasco e direção de Jorge Fernando. 

 

Depois do êxito de 2015 com "Verdades Secretas", Walcyr tinha a missão de continuar o horário das 18h em alta, recebendo de "Além do Tempo" e já sabia que sua novela terminaria ao menos em agosto, depois das Olimpíadas. 

 

Priorizando novelas mais curtas e produções mais enxutas, como séries e minisséries, "Êta Mundo Bom" é uma espécie de "o último dos moicanos" na Globo, já que teve sete meses no ar e 190 capítulos.

 

Afinal, qual o segredo do sucesso? 

 

Trazendo bom humor, cenas de pastelão clássicas ao estilo de Walcyr Carrasco (como guerras de bolos) e uma mensagem de otimismo, nesse momento que o país atravessa, de crise moral, política e econômica, nada poderia ditar melhor o rumo da trama como o "o que acontece de ruim na vida da gente é pra melhorar". 

Sérgio Guizé como Candinho carregou o piano. A construção de seu personagem foi uma preciosidade. Conseguiu criar um caipira ingênuo e verdadeiro sem cair na pieguice ou parecer um bobalhão.

 

Seu par romântico, a Filomena (Débora Nascimento), não acompanhou a grande repercussão de Candinho. Por vezes, ficou esquecida e a história girou sem ela. Teve poucos bons momentos, não chegou ao ponto de comprometer qualquer um dos núcleos.

 

Já o núcleo da fazenda, com atuações de Elizabeth Savalla e Ary Fontoura, foi realmente excepcional, como já era de se esperar, assim como Marco Nanini que passou a integrar essa parte da história tempos depois.

Aliás, "Êta Mundo Bom" marcou a volta de Nanini às novelas. Ele não atuava em uma desde "Andando nas Nuvens", em 1999. Voltou desempenhando dois personagens com maestria. 

 

Ainda na fazenda, Camila Queiroz conseguiu enterrar de vez a Angel para dar vida à Mafalda. Em nenhum momento lembrou aquela ninfeta de "Verdades Secretas". A atriz, de fato, já é uma realidade. Com ela, estiveram Anderson Di Rizzi e Klebber Toledo bastante seguros, especialmente o primeiro como Zé dos Porcos, que cativou o telespectador.

 

Nem tudo são flores

Ainda que a obra tenha sido um sucesso incontestável de audiência, não é por conta disso que tenha sido perfeita. 

 

A atriz Giovanna Grigio, interpretando Gerusa, por exemplo, teve uma estreia na Globo cercada de expectativa, e decepcionou. Inexpressiva e xoxa. Nem de longe supriu aquilo que se esperava dela, sobretudo em razão do que atravessou a personagem: uma leucemia. Pouca emoção. 

 

Arthur Aguiar e Ana Lúcia Torres até seguraram a peteca, mas foi um núcleo que pouco acrescentou. O casal Gerusa e Osório teve um desfecho aquém. O que foi aquela cena de Osório morrendo? E a valsa no "céu"? Realmente, nem tudo é perfeito...

 

A dupla de vilões 

Flávia Alessandra e Eriberto Leão surgem com grande destaque como Sandra e Ernesto, respectivamente, enfurecendo o público com tamanha capacidade que interpretaram seus personagens.

 

Flávio Tolezani no papel de bom pai também teve seus bons momentos, bem como Tarcísio Filho na pele de Severo, que acabou tendo um final feliz com Diana (Priscila Fantin), mesmo após maltratar mulher e a filha, Maria (Bianca Bin).

 

A multifacetada Bianca Bin

 

Bianca Bin mais uma vez mostrou sua competência. Após "Boogie Oogie", que terminou ano passado, onde interpretou uma riquinha completa de trejeitos, ela encarou uma empregada doméstica, e não por acaso, foi protagonista de grande parte de "Êta Mundo Bom", ofuscando a "oficial". 

 

O elenco infantil também foi uma grata surpresa, como Nathália Costa, Xande Valois e o talentoso JP Rufino. 

 

"Êta Mundo Bom", certamente, deixará saudades na tela da Globo, e "Sol Nascente" terá a árdua missão de substituí-la.