À espera do Revalida, médicos cubanos tentam refazer a vida no interior de Alagoas

Publicado em 22/07/2019, às 07h45
A médica Barbara diz que junta dinheiro para trazer a filha para o Brasil | Assessoria -

Assessoria

Ter um bom emprego, uma casa e formar uma família. Foi por esses desejos que médicos cubanos deixaram seu país e vieram para o Brasil trabalhar nas cidades que faziam parte do programa Mais Médicos, um convênio firmado entre os governos brasileiro e de Cuba.

LEIA TAMBÉM

O acordo entre os dois países chegou ao fim no início da gestão do presidente Jair Bolsonaro. O Governo Federal anunciou que seria exigida a validação dos diplomas dos profissionais e, hoje, dos 8.517 médios cubanos que atuavam no Brasil, pouco mais de dois mil permanecem no país e aguardam a aplicação do Revalida, o exame obrigatório para a revalidação dos diplomas de medicina obtidos fora do Brasil.

Entre eles, Arnulfo Martinez Cruz, formado em medicina há 19 anos, e Barbara Danay, formada há 6 anos, vivem em Palmeira dos Índios. Ele trabalhou na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro de Salgada, e ela na UBS de Vila Nova. Ambos casaram com palmeirenses, regularizaram toda a situação documental e viram a oportunidade de uma vida melhor e mais rentável a partir do Mais Médicos. Com o fim do programa, ficaram desempregados e recorreram à Prefeitura.

Arnulfo foi atuar na área técnica da Rede de Frio, local de armazenamento de vacinas da Secretaria Municipal de Saúde de Palmeira dos Índios (SMS), e Barbara na farmácia da Secretaria, na distribuição de medicamentos controlados. “O prefeito Júlio Cezar foi sensível à nossa situação. Apesar de não ser a nossa área, de estarmos trabalhando na área técnica, dá para pagar as contas. Principalmente agora, quando minha esposa está grávida do nosso primeiro filho”, disse o médico cubano.

"Por causa da lei, que não permite que eles ocupem os cargos sem o referido exame, o Revalida, eles não estão, no momento, exercendo a medicina no nosso município. Aguardamos que o Governo Federal retome o programa para que os médicos também assumam as suas funções, pois são ótimos profissionais e merecem atuar na área em que estudaram para isso”, afirmou Júlio Cezar. 

Entre o Brasil e a filha que deixou em Cuba

Situação mais delicada é a de Barbara Danay. Apesar de ter casado e conseguido um emprego em Palmeira, agora, ela luta para trazer a filha de apenas 5 anos para o Brasil. A menina ficou em Cuba, sob os cuidados da ex-sogra de Barbara. Emocionada, ela disse que tenta juntar dinheiro para buscar a filha, que só poderá deixar o país caribenho com ela. As passagens custam mais de R$ 5 mil. "Casei aqui e quero permanecer nessa terra que me acolheu tão bem. Com o dinheiro que recebo na Secretaria pago as minhas contas, mas também junto um pouco, a cada mês, para buscar a minha filha. Ela não dorme direito e só chora. A minha angústia, como mãe, é grande, pois o que quero é só dar uma vida melhor à ela, junto de mim e do meu marido”, desabafa.

“Sei que não será fácil sair daqui e viajar para Cuba. As passagens são caras e tudo que precisa ser resolvido por lá precisa que eu esteja presente, pois minha filha é criança. Não sei quanto tempo vai demorar, pois possuo apenas uma parte muito pequena desse dinheiro para ir buscá-la. Estou muito preocupada, pois mantenho contato com minha família, que me informa que a minha filha só chora, sentindo a minha falta. Mas temos muita esperança que o programa Mais Médicos possa nos contemplar e, dessa forma, terei o dinheiro mais rapidamente para fazer a viagem, para que possamos ficar juntas de forma definitiva”, completou Barbara Danay.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

MPAL ajuíza ação para proteger direitos da população idosa no transporte urbano de Pilar Morre no HGE mulher vítima de incêndio provocado pelo companheiro em Marechal Deodoro Governador Paulo Dantas afasta secretário de Saúde após operação da Polícia Federal HGE realiza duas captações de órgãos que salvaram a vida de mais seis pessoas