A história do traficante italiano que inundou ilha com cocaína e fugiu do Brasil

Publicado em 22/10/2025, às 10h23
Antonino Giuseppe Quinci - Reprodução

UOL

Dois meses e meio atrás, o traficante italiano Antonino Giuseppe Quinci, de 68 anos, que estava preso na cadeia da cidade de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, por tráfico de drogas, após ser pego nas proximidades da ilha de Fernando de Noronha com 632 quilos de haxixe a bordo do veleiro no qual navegava sozinho do Brasil para a Europa, fugiu, após romper a tornozeleira eletrônica que o mantinha sob monitoramento, depois de ter conseguido o benefício da prisão domiciliar por bom comportamento. E até hoje o seu paradeiro é desconhecido.
 
O mais provável é que Antonino - um homem tranquilo e afável, mas cuja família sempre atuou no tráfico internacional de drogas - tenha fugido para algum país da América do Sul ou Europa a bordo de outro barco, já que o mar sempre foi o seu principal meio de locomoção e negócio, conduzindo veleiros carregados de cocaína e outras drogas.
 
Quarta fuga da prisão
 
Antes de desaparecer do Rio Grande do Norte, Antonino já havia sido preso outras três vezes, pelo mesmo motivo - tráfico de entorpecentes -, e em todas também fugiu da prisão: uma delas na Itália, outra em Portugal, e a terceira também no Brasil, em 2012, quando foi pego tentando levar 270 quilos de cocaína para a Europa, a bordo de outro veleiro.
 
Na ocasião, ele usou um nome falso (José Aníbal Salgueiro Costa Aguiar), que inacreditavelmente foi mantido na condenação, o que mais tarde lhe traria benefícios, porque ao ser preso novamente, nove anos depois, a justiça brasileira não fez a ligação de uma condenação à outra, o que certamente aumentaria sua pena - além de permitir um acréscimo extra, por falsidade ideológica.
 
Mas isso, na prática, pouco importaria. Porque, como já havia feito antes, Antonino/José Aníbal fugiu igualmente da primeira prisão no Brasil, e continuou atuando livremente no tráfico de entorpecentes.
 
E foi fazendo isso que ele se tornou mundialmente conhecido, por um episódio que acabaria por transformar a vida de uma ilha inteira: a inundação, com mais de 300 quilos de cocaína, da ilha de São Miguel, nos Açores, em 2001.
 
A cocaína que veio do mar
 
Naquela ocasião, Antonino transportava 700 quilos de cocaína da América do Sul para a Europa, quando, após dois meses de travessia no mar, um problema no seu barco o obrigou a fazer uma parada não prevista naquela ilha, para reparos.
 
Como Antonino não poderia parar no porto com um veleiro entupido de drogas, ele tratou de esconder a cocaína em uma gruta que havia em uma ilhota próxima à São Miguel, planejando voltar para buscá-la quando o reparo no barco terminasse.
 
Mas, por um golpe do destino, naquela mesma noite, uma tempestade faz as ondas invadirem a tal gruta, e os sacos de cocaína foram arrastados para o mar, indo dar, dias depois, nas praias de São Miguel.
 
Especialmente na esquecida vila de Rabo de Peixe, uma comunidade de pobres pescadores, que recebera aquele estranho nome porque, para os moradores locais, só sobravam as partes dos peixes que ninguém queria comprar.
 
A polícia só conseguiu recuperar pouco mais da metade da droga. Desde a invasão daquela vila pela cocaína de Antonino trazida pelo mar a vida nunca mais foi a mesma em Rabo Peixe. Até hoje.
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