Adeus a Nídia : Alagoas perde uma chef referência na culinária vegetariana

Tem notícias que a gente não gostaria de dar, ainda mais quando se trata de uma amiga. Nídia Battaglia, para mim e para muitos, era aquela pessoa que abraçava com sua culinária vegana e vegetariana no Ser-Afim. Argentina, mãe de quatro filhos e avó de cinco netos, teve um coração generoso que não resistiu aos 73 anos.

O velório será neste domingo, dia 3, a partir das 10h, e o sepultamento às 14h, no Ecommemorial de Alagoas, na Rodovia AL-101 Sul, após a Massagueira.

O restaurante encerrou seu ciclo no dia 15 de fevereiro deste ano, mas Nídia já vivia um novo momento: curtir a vida, receber amigos em casa, em Marechal Deodoro, fazer eventos, viajar... E neste sábado, 2 de agosto, ela voou para outro plano espiritual.

Lana, amiga da Nídia, contou que, ao sair da UTI, ela estava muito feliz. Fez uma lista do que ainda queria fazer, mas também disse que estava em paz. E ela era mesmo isso: paz. Serena, alegre, uma excelente cozinheira. Antes de escolher Alagoas como lar, viveu no mar, literalmente, a bordo de um barco com a família. E adorava contar suas histórias mundo afora, com seu sotaque latino encantador.

^{Nidia com o filho Uriel no Ser- Afim}

O que eu mais gostava da cozinha de Nídia é que o Ser-Afim foi o primeiro restaurante vegetariano onde eu e muita gente nunca sentimos falta da carne. E olhe que eu nem sou vegetariana, mas aprecio a boa comida. E Nídia sabia usar ingredientes frescos, ervas, azeite e muito sabor — era isso que deixava tudo perfeito. A essência da cozinha argentina com um coração alagoano.

Conheci o Ser-Afim há exatos 12 anos. Sempre fui fã dos pastéis, especialmente o de tofu, meu preferido, e o de legumes. Em uma enquete que fiz no Instagram, a feijoada vegana foi a campeã de saudades — mas as pizzas e os sanduíches também moram na memória.

A criatividade era a alma da Nídia. Ela gostava de cozinhar desde sempre. Em 1984, apostou na alimentação saudável e, para a nossa sorte, criou o Ser-Afim, um espaço de comida leve, afetiva e cheia de propósito. Uma experiência que marcou.

Nídia, você partiu cedo, mas deixou uma história linda, que vai além da cozinha: uma história de amizade, solidariedade e inspiração. Obrigada por tudo. Por nos ensinar tanto, inclusive sobre o que é ser mulher.

À família, o meu abraço fraterno.
Nídia, para sempre em nossos corações.

^{Foto de fevereiro com Nidia e o filho Uriel no encerramento do Ser- Afim}