Redação
Já são 323 casos de microcefalia registrados em Alagoas. Um número preocupante que mostra o avanço significativo do zika vírus, uma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que também é vetor da dengue e chikungunya.
Dezenas de cientistas no Brasil e no mundo buscam uma vacina contra vírus. Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem 35 projetos de pesquisa na área sendo realizados por 21 instituições, mas ainda há um longo caminho até a imunização. Hoje, a única arma contra a zika é a prevenção, por meio do combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
Em mais uma reportagem da série sobre as doenças transmitidas pelo mosquito, a TV Pajuçara Record mostra como os adultos com microcefalia levam a vida, mesmo com o problema que adquiriram na gestação. E qual a perspectiva de futuro para os bebês com a malformação.
Segundo o médico hematologista Wellington Galvão, não há serviços de referência para onde encaminhar o paciente com o problema. “Ficamos fazendo adaptações para tentar atender a essa demanda crescente de pacientes com mielites e encefalomielites. O poder público não se preparou e os hospitais conveniados estão sufocados”, alerta.
As mães desses bebês contam com paliativos, como a licença maternidade prorrogada para 180 dias, caso ela seja contribuinte da Previdência Social. E, para as crianças, a legislação prevê uma prestação continuada de salário mínimo durante três anos.
Grupos nas redes sociais facilitam a interação entre pais e ajudam a esclarecer dúvidas sobre a microcefalia e seus danos ao paciente, mas a exposição na internet também abre as portas para o preconceito. “A gente passou por um caso onde ele foi chamado de monstro. O preconceito existe, mas a gente tem que saber lidar. Tem que saber que esse não foi o único caso e que não vai parar por aqui”, lamenta Carlos Eugênio, pai do pequeno Henri.
Futuro com microcefalia
“Eu ficava angustiada, pensando no futuro, mas estou tentando viver o presente dele”, diz a mãe, Alexia Amaral.
“Espero vê-la andando, falando. Vou batalhar com ela pra isso”, assegura outra mãe, Claudiane Ferreira.
Cada criança com microcefalia se desenvolve de forma diferente, dependendo do grau de comprometimento e dos estímulos recebidos.
Mas os irmãos João e Paulo, de 36 e 41 anos de idade, mostram que o avanço é possível. Eles andam, falam e interagem com as pessoas.
“Hoje está melhor, tem mais médicos, mais conhecimento pras mães que estão chegando. Pode ser que, para elas, seja melhor. Um dos meus filhos foi para o médico até os três anos de idade. O médico disse que se ele não tinha crise, não precisava ir mais. E eu não fui”, conta Antônio Francisco dos Santos, pai de João e Paulo.
Só muitos anos depois, a família voltou a ter acompanhamento da medicina, depois que entraram na ONG Pestalozzi.
Para Jonathan David, pai de Lorena, o futuro hoje chama-se esperança. “Temos visto vídeos de pessoas com microcefalia que têm uma vida normal, uma vida profissional. Algumas até fazem algo extraordinário. Conhecemos escritores com microcefalia, falando sobre a microcefalia e ajudando pessoas com esse problema”, exalta.
Veja o vídeo:
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