Aflição, nojo e prazer: o que está por trás da sua satisfação em ver cravos sendo extraídos

Publicado em 08/05/2018, às 09h40

Redação

“Isto foi icônico” e “este seria o meu trabalho dos sonhos” são alguns dos quase dois mil comentários deixados no vídeo de maior acesso do canal no YouTube da "Dr. Pimple Popper". Ao contrário do que se poderia supor, eles são fazem referência a um ícone da música ou algum ator famoso, mas a algo muito mais ordinário: acne.

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O vídeo em questão foi filmado com um celular e não possui efeitos especiais. Apenas uma câmera estática focada em um grande cravo incrustado nas costas de um idosos de 85 anos. Pouco a pouco, uma mão é vista aplicando uma injeção e, com um bisturi, realizando a extração de toda a massa cinzenta.

Ao final, somente um buraco circular - e com poucos resíduos de sangue - permanece da pele.

Vídeos de extração de cravos e espinhas: sucesso

Por mais nojento que possa parecer, esse vídeo já foi visualizado mais de 34 milhões de vezes na plataforma. E os números não cessam.

Este sucesso contraditório do audiovisual amador é precedido por tantos outros com números igualmente estratosféricos no canal da dermatologista americana Dra. Sandra Lee, mais conhecida como "Dra. Espremedora de Espinhas", em português.

A especialista exibe números invejáveis na rede. Ao todo, são quase 3 milhões de entusiastas de bolhas de pus inscritos em seu canal. E ela não é a única a ter descoberto esse desejo obscuro dos internautas. O cirurgião indiano Dr. Vikram segue atrás da americana em disputa pela audiência.

Prazer em sentir nojo: por que temos? 

Os números provam que não se trata de um caso isolado, pelo contrário. A extração de cravos e espinhas, por mais nojento que possa ser para alguns, é uma fixação para milhões de diferentes faixas etárias e classes sociais.

Para a psicanalista Cristiane M Maluf, a atração pelos vídeos de extração de acne ou mesmo em extrair acnes na própria pele ou na de terceiro deriva do prazer que o indivíduo sente ao ver o líquido ser liberado do ambiente tensionado em que estava.

"É uma questão subjetiva. O rompimento de uma acne é como se houvesse o prazer de um orgasmo. Isso satisfaz a pessoa que está vendo", compara.

Nesses casos, o prazer estaria relacionado com questões subjetivas de cada indivíduo, que, ao ver uma explosão e libertação de alívio da tensão, mesmo que por intermédio de uma tela, consegue sanar e acalmar as próprias angústias e ansiedades.

"A maioria das pessoas vendo esses tipos de vício acaba aliviando uma certa ansiedade que venha a ter. Querendo ou não, ao mesmo tempo em que é um prazer, é uma dor. A dor e o prazer estão atrelados, como sendo quase um masoquismo", explica a psicanalista.

Outro fator que talvez justifique tamanha repercussão reside no próprio nojo: encará-lo seria uma forma de desafiar e testar suas emoções.

Outro elemento que contribui para o fascínio em espremer cravos e espinhas - ou observar outros o fazendo - pode estar relacionado ao nosso instinto animal. A limpeza corporal foi um fator de seleção natural desenvolvido ao longo dos milhões de anos.

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