Alagoana busca patrocinadores para competir no circuito mundial de surfe

Publicado em 31/03/2019, às 07h48
Vidda Cavalcante | Arquivo pessoal / Vidda Cavalcante -

Paulo Victor Malta

Em alta no esporte mundial, o surfe entrou na rota das Olimpíadas e vai figurar na próxima edição olímpica nos jogos de Tóquio em 2020. O Brasil entrou na rota dos campeões mundiais e conquistou três títulos de 2014 para cá. Gabriel Medina (2014 e 2018) e Adriano de Souza, o Mineirinho, em 2015, foram os responsáveis pela ascensão verde-amarela ao pódio. 

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A categoria masculina brasileira já colhe os frutos, mas a categoria feminina ainda luta pelo seu espaço. Em Alagoas, a surfista Vidda Cavalcante batalha diariamente para alcançar esse sonho. Aos 22 anos, ela está na categoria secundária feminina, que dá acesso à elite da WSL (Liga Mundial de Surfe).

"Sou a única alagoana que está no circuito mundial de surfe. São dois mundiais. O Mundial principal, onde estão Gabriel Medina e Felipe Toledo, grande nomes. E tem o campeonato que dá acesso a esse, é esse que estou. Que também é um mundial. A gente compete com meninas de vários lugares. Como eu não tenho patrocínio, eu não consigo chegar naquele principal, porque você tem que ter muitos pontos, e os pontos são só com campeonato. Então, estou correndo atrás de patrocínios para poder conseguir ir para essas etapas. E assim eu vou conseguir os pontos para entrar lá", explicou inicialmente Vidda, que também avaliou a nova fase brasileira no surfe e a inclusão do esporte nas Olimpíadas.

"Acredito que isso está abrindo algumas portas já e que as empresas vão começar a ver que o surf dá uma grande visibilidade. Ainda mais agora que está entrando nas Olímpiadas. Vai se tornar um esporte olímpico em 2020, lá em Tóquio. Já vai ter a primeira vez o surfe lá. Acho que vai ser uma coisa boa tanto no masculino quanto feminino. Quem sabe a gente vai ganhar mais patrocínios e poder ter mais atletas no circuito". 


Gabriel Medina bicampeão mundial (Foto: Ed Sloane/WSL)

Praticando o esporte há pelo menos sete anos, Vidda disputou competições estaduais, regionais e nacionais até chegar ao sonhado circuito mundial. A meta agora é ir mais distante. 

"Minha meta é conseguir chegar no circuito principal. Para isso, eu preciso realmente do suporte de alguma empresa ou empresas que queiram me ajudar a chegar lá. Enquanto isso, estou treinando bastante. Faço faculdade porque a gente realmente tem que ter um plano B, mas meu foco é o surfe", revelou a estudante de Educação Física da Universidade Federal de Alagoas. 

A rotina, segunda a atleta, é dividida entre as obrigações acadêmicas e a disciplina nos treinamentos. 

"Treino todos os dias na praia do francês. Moro na Praia do Francês. De manhã pego o ônibus da prefeitura aqui e vou para UFAL, estudo lá de manhã. Já almoço lá às vezes. Quando eu volto, já treino aqui durante a tarde, no surfe. Vou direto para o mar. Quando saio do mar, como alguma coisa e já vou para a academia. Às vezes tem estágio dia de quinta-feira, aí eu tenho que passar o dia todo (fora). Um dia que eu tenha o estágio na semana não afeta muito a rotina de treinos. Eu vou tentando, a gente vai sobrevivendo diariamente. É uma coisa que eu amo fazer e, infelizmente, não tenho o suporte todo para isso, mas tento fazer da melhor forma. Tento conciliar tudo. Ainda mais quanto tem competição. Não posso faltar aula. Quando estou aqui, vou todos os dias para aula, não falto um dia, para poder guardar as minhas faltas para as competições", detalhou. 


Foto: Vidda Cavalcante / Arquivo pessoal

Apesar da representatividade alagoana no circuito, Vidda Cavalcante citou as dificuldade em bancar os gastos para competir. Apenas com o suporte familiar, a surfista se vira como pode para obter recursos extras e viajar para disputar as etapas. 

"O dinheiro todo que consegui para campeonato foi só meu, da minha mãe e da minha avó mesmo. Nunca passei necessidade e nem nada, mas campeonato a gente tem que ralar mesmo. Ainda faço rifa. Todo fim de semana vou na praia e vendo rifa. Rifo tipo prancha de surf, aula de surf... Agora estou rifando uma câmera GoPro. E assim vou conseguindo fazer um dinheiro e arrecadando para poder competir", contou Vidda, que tem como referência a surfista norte-americana Alana Blanchard.  


Foto: Reprodução / WSL

"(Já perdeu alguma etapa desse ano?) Já perdi. Já tiveram umas nos Estados Unidos, agora na Austrália. Vão começar as daqui da América do Sul, que são as mais acessíveis para mim. Só que, infelizmente, já vou perder o primeiro, que vai ser na Argentina, no próximo mês. Não tive como pagar o seguro. Quando a gente vai competir fora do país, tem que pagar um seguro para Liga Mundial, um seguro de atleta, de vida. É muito caro, não consegui pagar. Então, não vai dar para participar. (Quanto custa?) 424 dólares para participar de uma etapa. Se for participar de mais de uma etapa, custa pouco mais de 900 dólares, cerca de R$ 4 mil. Sem contar com a passagem, com a inscrição do próprio campeonato, a taxa da prancha que precisa pagar quando viaja de avião. É muita coisa. Mais ou menos, cada etapa do Mundial sai a R$ 4 mil. Agora, quando é aqui no Brasil é mais fácil, cai bastante esse valor. Fica mais ou menos R$ 2 mil cada campeonato. Vai ter um Brasileiro em Fortaleza, no próximo mês, e vai ter outro Brasileiro em Ubatuba, em São Paulo, em maio. Tem esses dois brasileiros nos próximos dois meses que eu quero ir", afirmou.

Diante das oportunidades mais viáveis, Vidda ressaltou a importância de se destacar no mar e figurar entre as três primeiras nas competições que estão por vir. 

"Meu objetivo é chegar em cada campeonato e fazer pódio. Porque as marcas querem visibilidade, então, para conseguir qualquer patrocínio, você tem que ter pódio. Para ter pódio, tem que participar. Então, tenho que realmente ralar para conseguir".

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