Alagoas tem maior taxa de analfabetismo do país; Maceió lidera entre as capitais

Publicado em 03/12/2025, às 11h34
Entre as capitais brasileiras, Maceió aparece com 6,4% de pessoas analfabetas, o maior percentual do país - Foto: Agência Brasil

Redação

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Alagoas foi o estado com a maior taxa de analfabetismo do Brasil em 2024. O estado alagoano registrou 14,2% de pessoas de 15 anos ou mais que não sabiam ler e escrever – índice acima da média do Nordeste (11,1%) e mais que o dobro da média nacional (5,3%). Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgados hoje (3) pelo IBGE.
 
Em relação a 2023, quando o indicador estava em 14,1%, os números mostram estabilidade, enquanto o Brasil e o Nordeste apresentaram pequena redução.
 
Entre as capitais brasileiras, Maceió aparece com 6,4% de pessoas analfabetas, o maior percentual do país. Na sequência, aparecem Rio Branco (5,6%), Macapá e Fortaleza (5,1%), Teresina (4,8%), João Pessoa (4,5%), Recife (4,1%) e Aracaju (3,9%).
 
Já as capitais com as menores taxas de analfabetismo são Florianópolis e Porto Alegre (1,0%), Rio de Janeiro (1,2%), Curitiba e Belo Horizonte (1,3%), Campo Grande e Vitória 1,6%), São Paulo, Salvador e Manaus (1,7%).
 
Frequência escolar - Outros aspectos da educação em Alagoas revelam um cenário de avanços importantes no acesso inicial à escola, mas também de persistência de desafios estruturais.
 
As taxas de frequência escolar líquida mostram que o ensino fundamental está praticamente universalizado no estado, com mais de 94% de frequência entre crianças de 6 a 14 anos.
 
Entretanto, a continuidade escolar enfrenta forte queda à medida que avançam as séries e a idade dos estudantes. Entre jovens de 15 a 17 anos (ensino médio), a frequência escolar líquida cai para 69,8%.
 
Essa queda se acentua ainda mais no ensino superior, no qual somente 18,2% dos jovens de 18 a 24 anos apresentam taxa de frequência escolar líquida em cursos universitários – menor percentual do país.
 
Outro ponto revelado pelas estatísticas é o tamanho das turmas na rede pública. Na educação básica, Alagoas apresenta turmas com média de 18 alunos na educação infantil (creche e pré-escola), 25 no ensino fundamental e 37 no ensino médio.
 
Desafios estruturais - Segundo Neison Freire, chefe da Seção de Disseminação de Informações do IBGE em Alagoas, apesar dos avanços na garantia de acesso à educação, o estado ainda enfrenta desigualdades persistentes, que se refletem em déficits históricos de escolaridade adulta, baixa conclusão dos estudos, queda acentuada na transição entre os diferentes níveis de ensino e, sobretudo, na manutenção da maior taxa de analfabetismo do Brasil.
 
“Esses indicadores mostram que o estado avança, mas ainda de forma insuficiente para superar obstáculos acumulados ao longo de décadas. O analfabetismo em Alagoas permanece como um dos nossos maiores desafios estruturais. Enquanto o Brasil e o Nordeste apresentaram redução, o estado manteve estabilidade num patamar ainda elevado. O fato de Maceió registrar a maior taxa entre as capitais reforça que o problema é generalizado e não restrito ao interior. Monitorar esses indicadores é essencial para orientar políticas públicas que promovam inclusão, permanência escolar e redução das desigualdades educacionais”, afirmou Neison Freire.
 
O TNH1 procurou as Secretarias de Educação do Estado e do Município de Maceió; leia abaixo:
 
 
A Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (Seduc) esclarece que, embora o índice atual de analfabetismo seja inaceitável, é fundamental que a sociedade saiba que o estado está em uma trajetória consistente de sucesso. A Seduc já reduziu a taxa de analfabetismo em mais de 40% desde 2011, quando o índice estava em torno de 25%. Essa redução histórica comprova a eficácia das políticas de EJA ofertadas continuadamente.
Para acelerar a queda desse índice, o Governo de Alagoas liderou a inédita retomada do Programa Brasil Alfabetizado (PBA) – Edição Saldos Remanescentes, paralisado há 10 anos em nível nacional. Esta ação emergencial garantirá, entre 2024 e 2025, a alfabetização de 14.000 jovens a partir de 15 anos, adultos e pessoas idosas, com 80% dos atendimentos focados na zona rural, combatendo diretamente o analfabetismo onde ele é mais persistente. Os próprios dados do IBGE atestam que o Ensino Fundamental já está praticamente universalizado (94% de frequência), e a Seduc segue com o investimento em Escolas de Tempo Integral e qualificação da EJA, provando que a superação do analfabetismo é a maior prioridade do Estado.
 
Semed: Prefeitura segue trabalhando para redução índices
 

Em relação aos dados divulgados pelo IBGE sobre a taxa de analfabetismo no país, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) destaca que o Município vem reduzindo os históricos índices negativos de analfabetismo na capital e segue trabalhando para diminuir cada vez mais esses números.

No Censo divulgado em 2022, o índice de analfabetismo em Maceió foi de 8,4%. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2024 apontou uma redução para 7,2% e, hoje, o IBGE aponta que Maceió aparece com 6,4% de pessoas analfabetas, enquanto o estado alagoano registra um índice de 14,2% de pessoas de 15 anos ou mais analfabetas.

A Semed vem investindo na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), por meio de parcerias como o Programa Brasil Alfabetizado e a parceria inédita com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para oferta de cursos de qualificação profissional, além de desenvolver outras ações de mobilização para garantir a matrícula e a permanência dos estudantes da EJAI.

Paralelamente, o Município desenvolve também ações voltadas à alfabetização na idade certa, como o programa “Alfabetiza Maceió” – que é uma ação preventiva, ainda com as crianças, para que elas sejam motivadas com a permanência e a progressão na rede. O programa envolve ainda formação continuada para os professores, materiais pedagógicos complementares, avaliações diagnósticas e acompanhamento do desempenho dos alunos.

No ano passado, Maceió foi a cidade alagoana (acima de 100 mil habitantes) que mais evoluiu no quesito “Educação” nos últimos quatro anos (2021/2024), em média 9,8%. O resultado estadual foi apontado no Prêmio Band Cidades Excelentes 2024, que avaliou o ciclo completo do mandato dos prefeitos nos últimos quatro anos.

A Semed reafirma, por fim, que seguirá comprometida com a redução dos índices de analfabetismo e com a oferta de uma educação cada vez mais inclusiva e de qualidade para todos.

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