Episódios bem interessantes das duas vezes em que Pelé jogou em Maceió

Publicado em 30/12/2022, às 06h19 - Atualizado às 06h20

Redação

Nas duas vezes em que Pelé atuou em Maceió ocorreram situações bem curiosas e, por acaso, eu estava presente no estádio nesses dois momentos.

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Na primeira, em 27 de julho de 1965, no Estádio Severiano Gomes Filho fui, com 11 anos de idade, acompanhando meu pai, assistir a CRB X “Pelé & Cia” – como havia sido anunciado o famoso time do Santos.

Ainda sob efervescência do bicampeonato mundial da Seleção Brasileira (Copas do Mundo de 1958 e 1962) e do próprio Santos (Mundial de Clubes de 1962 e 1963), e diante da expectativa da presença do consagrado Pelé em Maceió, a diretoria do CRB teve de improvisar cadeiras de pista arrodeando o gramado, por dentro do alhambrado do campo da Pajuçara.

Algo inimaginável nos dias de hoje, com a circunstância de estarmos (os ocupantes das tais cadeiras de pista) a cerca de dois metros de distância dos jogadores, sem qualquer obstáculo físico entre nós e eles.

O primeiro tempo terminou 0x0 e no intervalo não faltaram, por parte dos torcedores do CRB, comentários jocosos do tipo “esse Santos é muito fraco” ou “Pelé não está jogando nada”.

Logo no início do segundo tempo o lateral-direito Aguiar deu uma entrada mais dura no ponta-esquerda santista Abel, de apenas 16 anos, que substituía o titular Pepe.

Tanto bastou para Pelé se aproximar, pegar a bola e dar um leve toque de lado, reiniciando o jogo e impondo um novo ritmo à partida, com lances rápidos do time do Santos, sempre em direção ao ataque.

Os gols começaram a surgir normalmente:, 1, 2, 3, 4, 5, 6…

Consolidada a goleada implacável de 6×0, os visitantes passaram a tocar a bola entre si, com o CRB atordoado, no aguardo do término do jogo.

Em 25 de outubro de 1970, o Rei do Futebol no auge da carreira, com o Brasil tricampeão do mundo, estava eu na inauguração do Estádio Rei Pelé – homenagem mais do que justa prestada pelo governador Lamenha Filho, que abdicou de ter seu nome no estádio para reverenciar o maior jogador de futebol de todos os tempos.

O jogo Seleção Alagoana x Santos começaria às 16 horas, mas cheguei às 10 da manhã para garantir um lugar privilegiado na arquibancada, o que consegui.

Lá do alto, no último degrau da chamada Grande Arquibancada, assisti a mais um massacre do time santista em terras Caetés: 1, 2, 3, 4, 5 gols com facilidade, o primeiro deles do atacante Douglas, jovem promessa do Santos.

O marcante para mim nesse jogo de inauguração do Estádio Rei Pelé foi um dos gols marcados pelo próprio Deus do Futebol: bem ao seu estilo, passou em velocidade por vários adversários, deu o último drible no zagueiro Dida e chutou para marcar.

O inusitado nesse lance: logo após fazer o gol, Pelé se dirigia de volta ao seu campo quando Dida correu em sua direção e, confesso, temi pelo pior.

Foi um palpite infeliz da minha parte: na verdade, Dida queria apenas cumprimentar Pelé pela beleza do gol.

Cumprimentaram-se com um aperto de mãos e um abraço e logo depois o jogo acabou.

E acabou ali, para mim, o privilégio de assistir, in loco, ao maior jogador de futebol de todo os tempos.

 

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