Mortes após picadas: alterações climáticas favorecem surgimento de aranhas-marrons, diz especialista

Publicado em 04/02/2025, às 12h12
Aranha-marrom - Foto: Reprodução/Instituto Butantan

Eberth Lins

A informação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) de que registrou duas mortes por suspeita de picada de aranha-marrom em Maceió pegou muita gente surpresa. A espécie, cujo aparecimento não é comum em Alagoas, teria levado ao menos cinco pessoas à hospitalização e dois desses casos teriam evoluído a óbito.

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O aparecimento da espécie, conforme explicou a especialista em manejo de animais silvestres, Maynara Rocha, tem relação com alterações climáticas no território alagoano, o que também é percebido com o aumento da presença de escorpiões.

"As aranhas-marrons são encontradas principalmente no Sul e Sudeste do Brasil, mas mudanças climáticas e alterações no ambiente podem estar favorecendo a presença delas em outras regiões, como o Nordeste. Essas aranhas preferem lugares escuros, secos e pouco movimentados, como entulhos, pilhas de madeira, frestas de móveis e até roupas guardadas por muito tempo", informou a especialista.

Maynara Rocha, especialista em manejo de animais silvestres

 

Segundo Maynara Rocha, as aranhas-marrons não são agressivas, mas picam caso se sintam ameaçadas. "O veneno pode causar lesões sérias na pele. A picada da aranha-marrom pode causar o loxoscelismo, uma reação ao veneno dessa espécie. Os efeitos variam de leves a graves", disse.

"No caso do efeito cutâneo, o mais comum, após 24 horas, é a pele ao redor da picada ficar arroxeada e formar uma ferida (necrose), que pode aumentar com o tempo. Já no caso do efeito visceral, este mais raro e grave, o veneno pode afetar órgãos, causando febre, mal-estar, vômitos, anemia e até insuficiência renal. Esse quadro é mais comum em crianças e idosos", acrescentou.

"Por isso, todo cuidado é pouco! Em caso de picada, recomendamos que as pessoas não apertem, cortem ou suguem o local da picada, bem como, não utilizem pomadas ou remédios caseiros. Lavem com água e sabão e procurem atendimento médico imediatamente. Se possível, é bom levar a aranha (morta) para identificação. O tratamento pode incluir soro antiaracnídico e cuidados para evitar infecções", finalizou a especialista.

Na noite dessa segunda-feira (03), a Sesau alertou que entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) notificou cinco casos de pacientes que foram hospitalizados com suspeita de terem sido atacados pela aranha-marrom. Dos cinco casos registrados, a Sesau comunicou que dois pacientes faleceram em Maceió. 

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