Amigos de piloto australiano que morreu em queda de avião em AL suspeitam de conspiração no tráfico

Publicado em 22/09/2025, às 10h36
Timothy Clark aparece cercado de amigas - Foto: Reprodução

Eberth Lins

O acidente aéreo que vitimou Timothy James Clark, piloto australiano de 46 anos, em Coruripe, Litoral Sul de Alagoas, no último dia 14 de setembro, levantou questões sobre um possível envolvimento do piloto com o tráfico internacional de drogas. Clark, que estava sozinho na aeronave, não sobreviveu à queda do avião, encontrado com quase 200 kg de cocaína a bordo, embalados com a marca 'SpaceX'.

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Amigos próximos de Clark, como uma amiga de longa data, suspeitam que ele tenha sido vítima de uma conspiração maior. Uma das amigas declarou ao Daily Mail nesta segunda-feira (22) que acredita que ele pode ter sido atraído para um esquema criminoso sem saber ao certo o que estava acontecendo. "Ele se viu em uma situação da qual claramente não conseguiria sair", disse.

A amiga revelou que já havia relatado às autoridades de seu país o desaparecimento de Timothy. Em março, segundo ela contou, pediu que fosse realizada uma checagem de bem-estar, mas não obteve retorno.

“Estou em choque. Essa história não começou agora para mim. Desde março eu percebia que havia algo errado, mas ele parecia preso em uma situação da qual não conseguia escapar”, relatou ao Daily Mail.

A amiga disse que buscou ajuda da Polícia Federal Australiana e do Departamento de Relações Exteriores, mas sem sucesso. “Fui eu quem começou a procurar notícias dele. Depois insisti com as autoridades. Tim tinha contatos importantes, investimentos. É preciso recolher seus bens pessoais na África do Sul, como o telefone e cartões SIM, antes que desapareçam. Mas talvez já seja tarde”, acrescentou.

O avião envolvido, um Sling 4, foi registrado na África do Sul, onde Clark morava. O modelo, conhecido por ser leve e versátil, foi adaptado com tanques de combustível extras e um sistema de reabastecimento improvisado para prolongar os voos. O acidente ocorreu enquanto ele sobrevoava o município de Coruripe e há relatos de que ele havia feito uma escala em Igarassu, em Pernambuco, meses antes.

Timothy Clark era conhecido no meio financeiro australiano. - Foto: Reprodução

 

O piloto também era conhecido no mercado financeiro. Ele foi diretor de algumas empresas de investimentos, como Stock Assist Group Pty Ltd, Gurney Capital Nominees Pty Ltd e Bluenergy Asia Pty Ltd. Outro amigo, que preferiu não se identificar, mencionou que já desconfiava de que algo estava errado com as atividades de Clark desde março deste ano.

A Polícia Federal investiga a possibilidade de o piloto ter sido envolvido no tráfico internacional, mas a amiga afirma não saber de qualquer vínculo direto dele com atividades criminosas. "Ele tinha investimentos e conexões importantes, mas nunca soube de qualquer envolvimento com o crime", contou.

A amiga do piloto questiona ainda informações levantadas no local da queda pela Polícia Militar de Alagoas, alegando que o sistema de reabastecimento e os tanques extras no avião não fazem sentido sem uma explicação mais detalhada sobre os motivos do voo.

A origem da cocaína encontrada na aeronave é outro mistério. Segundo as autoridades, a apreensão teria um valor estimado de 9 milhões de reais no mercado brasileiro, mas a droga poderia valer até US$ 80 milhões na Austrália, onde o preço da cocaína é um dos mais altos do mundo.

A família de Clark, em particular seu pai, estava alheia à tragédia quando foi contatada pelo Daily Mail. Ele relatou que não tinha conhecimento do acidente e afirmou que o filho estava na África do Sul, onde tinha uma licença de piloto, mas sem atuar regularmente como piloto profissional.

Destroços de aeronave são retirados e levados para Arapiraca

 

A investigação sobre a cocaína encontrada no avião está a cargo da Polícia Judiciária, conforme informado pela Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL). Já a apuração das causas do acidente aéreo está sendo conduzida, inicialmente, pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) especializado nesse tipo de ocorrência.

Os destroços do avião foram transferidos para o Aeroporto de Arapiraca, no Agreste do estado. O material permanecerá armazenado no local até que a Justiça Federal autorize a destruição, conforme os protocolos estabelecidos para acidentes aeronáuticos.

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