Flávio Gomes de Barros
Texto de Evair de Melo, vice-líder da oposição na Câmara dos Deputados:
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"A crise entre o Brasil e os Estados Unidos é um episódio que expôs as falhas diplomáticas do Brasil. A decisão dos EUA de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros escancarou a falta de preparação e a má condução das relações bilaterais por parte do governo brasileiro. Mesmo em meio a tensões ideológicas, é fundamental que o interesse nacional prevaleça, como em crises passadas, até que as relações entre os dois países retornem à normalidade.
A decisão do governo Trump de taxar em 50% os produtos brasileiros de exportação para os EUA pegou as autoridades brasileiras de surpresa e deixou muita gente perplexa. Se recapitulamos a retórica das altas autoridades brasileiras em relação ao candidato Trump e depois ao presidente eleito, a comunicação oficial da altíssima tarifa não deveria surpreender ninguém. A crise já estava contratada e, inevitavelmente, aconteceu.
Merece referência a ação da oposição bolsonarista ao governo Lula e a ausência do estabelecimento de canais de comunicação com a Casa Branca e com o Departamento de Estado, desde a eleição até hoje, por razões puramente ideológicas. A carta menciona adicionalmente a regulamentação da mídia social e das big techs em curso no STF, lembrando que a Europa recuou dessa discussão para não confrontar os interesses dos EUA.
O interesse nacional exige que, agora, acima de ideologias e disputas partidárias, o foco seja a negociação para reduzir as tarifas e defender nossa indústria e o agronegócio. As declarações políticas das autoridades brasileiras contra Trump e os EUA devem dar lugar a pronunciamentos técnicos, voltados à superação das dificuldades atuais.
Apesar das diferenças ideológicas e das personalidades envolvidas, a crise será superada, e a normalidade voltará a prevalecer, com cada país defendendo seus interesses nacionais sem confrontação ideológica. É preciso lembrar: a crise é político-diplomática, não apenas comercial.
De nada adiantará o governo federal dizer que apoia os exportadores, porque quem paga o preço do tarifaço são eles, não o governo federal. Este, inclusive, pode se sentir tentado a apostar no conflito por conta da sua agenda política, mesmo comprometendo a saúde da economia para garantir eleições desequilibradas em 2026. Por isso, é importante que os exportadores se conscientizem de que o governo federal não é necessariamente amigo deles.
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