Correio Braziliense
Em participação no podcast "Sem Filtro", apresentado por Luiza Ambiel, Andressa Urach abriu o coração ao revisitar episódios marcantes e dolorosos de sua trajetória. A influenciadora falou publicamente sobre um momento em que, dominada por um radicalismo religioso, agrediu o próprio filho, Arthur.
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Segundo ela, o ato foi motivado por medo e preconceito, sentimentos que hoje reconhece como distorcidos. "Quando eu estava na igreja, tinha medo de o Arthur ser gay. Eu cheguei a dar uma surra nele", iniciou ela.
"Dei uma surra porque ele tinha um amigo gay e eu achei que ele estava tendo um relacionamento homoafetivo. Questionei a masculinidade dele. Eu fui religiosa e intolerante", admitiu, com franqueza.
Andressa explicou que, à época, sua vivência religiosa a fazia acreditar que era necessário impor padrões rígidos a todos ao seu redor. Essa rigidez, diz ela, alimentou um comportamento controlador, que acabou virando violência e culpa.
"Eu fui muito religiosa e me arrependo de ter sido um fariseu, porque, daí, comecei a abrir mão das coisas que gostava de fazer. Acho que é isso que acontece com o religioso: o fato de ele não poder fazer e de estar sacrificando o seu eu faz com que queira obrigar os outros a fazerem também. Já que está se tornando uma pessoa infeliz por não poder ser livre e falar ou viver o que quer, quer impor essa coisa ruim aos outros também", refletiu.
Além da agressão, Urach relembrou outro episódio de intolerância que marcou sua trajetória: o processo judicial que perdeu após fazer um post considerado transfóbico. A publicação envolvia a imagem de uma mulher trans durante o Carnaval e, segundo ela, foi fruto de julgamento moral equivocado.
"Quando estava na igreja, cheguei a fazer um post sobre uma trans que fez um desfile de Carnaval e estava na cruz. Até perdi o processo contra ela porque fui intolerante religiosa. Eu nem sabia quem ela era. Peguei uma foto em que ela estava no Carnaval usando a imagem de Jesus e a coloquei na cruz. Eu atrelei ela ao pecado. Imagine quantas pessoas morrem hoje por causa dessa intolerância?", disse.
Ao longo da entrevista, a ex-modelo também criticou o meio religioso que frequentou por anos, afirmando que muitas igrejas hoje operam mais como empresas do que como espaços de fé genuína.
"Não preciso de intermediários, de consulta com o pastor ou qualquer coisa. Hoje, infelizmente, a religiosidade virou um CNPJ, uma empresa. Sou o que sou. Se eu sou put*, sou put*. Se eu sou crente, sou crente", afirmou, explicando que segue acreditando em Jesus, mas prefere uma espiritualidade baseada na liberdade e na consciência individual.
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