Eberth Lins
A Ação Penal 2668, que apura uma das mais graves acusações já feitas contra um ex-presidente da República desde a redemocratização, tem continuidade nesta quarta-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF). Jair Bolsonaro e outros sete investigados, todos figuras centrais no núcleo político e militar do governo anterior, são réus por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Assista abaixo o julgamento ao vivo:
Além do ex-presidente, respondem ao processo Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-chefe do GSI), Mauro Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa). O grupo é acusado ainda de participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
O julgamento examina a admissibilidade das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A expectativa é de que os ministros decidam pela continuidade do processo e possível abertura da fase de instrução, onde testemunhas poderão ser ouvidas e novas provas apresentadas.
A peça central da acusação sustenta que Bolsonaro e seus aliados teriam arquitetado e fomentado uma tentativa de ruptura institucional para manter o ex-presidente no poder, mesmo após a derrota nas urnas em 2022. Entre os elementos apresentados estão reuniões estratégicas, minutas de decretos golpistas, uso indevido de estruturas do Estado, como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e a mobilização de setores das Forças Armadas.
A presença de oficiais de alta patente entre os réus reforça o ineditismo e a gravidade do caso. Nunca antes tantos militares de alto escalão foram julgados simultaneamente por envolvimento direto em uma trama antidemocrática desde o fim da ditadura militar.
A defesa de Bolsonaro nega qualquer intenção golpista e sustenta que o ex-presidente agiu dentro dos limites legais. Já os advogados dos demais acusados seguem linha semelhante, alegando perseguição política e ausência de provas concretas.
A continuidade do julgamento é acompanhada de perto por aliados e opositores do ex-presidente. Para analistas, o desfecho da ação pode ter impacto direto no cenário eleitoral de 2026, uma vez que condenações podem tornar os réus inelegíveis, incluindo Bolsonaro, que mantém forte influência entre setores da direita brasileira.
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