Aos 30 anos, goiana muda de nome e recorre ao chatGPT para escolher o novo

A professora e mãe de três crianças Hannah Oliveira Soares Guimarães Mendonça, 30, de Itumbiara, Goiás, nem sempre teve esse nome. Foi apenas neste ano que decidiu fazer uma mudança drástica e mudar completamente a forma como é chamada.

Ela foi registrada pelos pais como Cláudia Regina, mas nunca gostou muito. "Eu sempre quis tirar o 'Regina', é um nome composto muito forte para uma criança, então, me chamavam só de Claudinha", disse, em entrevista exclusiva à CRESCER.

Hannah explica que esse também era o nome de uma tia, que faleceu ainda bebê. "Eu sempre achei ruim ter o nome da falecida, dava a impressão de que ela viveria minha vida, o que, para um cristão, é apostasia", afirma. Em 2015, quando se casou e foi adicionar o sobrenome do marido no cartório, tentou tirar o "Regina", mas não conseguiu.

"Eu nunca tinha pensado em trocar literalmente de nome e deixar de me chamar Cláudia, mas, em maio desse ano, algumas coisas estavam fora de controle na minha casa, inclusive nossa vida financeira, então, eu e meu esposo fizemos uma campanha de oração pela nossa casa, foi quando assistimos um vídeo que falava sobre significado de nomes e eu pensei no meu, que significa 'manca', 'aleijada' em latim, e, na mesma hora, eu pensei em mudar de nome", conta.

Ela começou a refletir sobre o seu nome e os acontecimentos da sua vida. "Eu fiz um comparativo com o significado do meu nome e tudo que vivi, e percebi que eu realmente era boa em muitas coisas, eu até tenho um mestrado, mas nada tinha dado certo de verdade para mim, era como se eu estivesse mancando em tudo que eu fazia", diz. Então, passou a considerar realmente a mudança.

Escolha do novo nome
 
Com isso em mente, começou a pesquisar ideias. "Eu descrevi minha personalidade, temperamento, as coisas que eu já fiz e os meus planos ao chatGPT. Gostei de todas as opções, mas quando bati o olho em 'Hannah', decidi de cara. Esse nome é a versão hebraica de Anna, que é o nome das minhas duas filhas, Anna Victória, 9, e Anna Gabriela, 4, portanto, Anna deriva de Hannah, que significa 'agraciada' e, sua origem hebraica é muito importante porque somos crentes", explica.

Com o novo nome decidido, fez uma rápida pesquisa sobre o processo e descobriu que era mais simples do que imaginava. Segundo a Lei Federal nº 14.382/22, introduzida em junho de 2022, qualquer pessoa maior de 18 anos pode mudar seu nome diretamente no cartório, sem a necessidade de entrar na Justiça. Não precisa nem justificar, basta não gostar do nome. É preciso pagar uma taxa, o valor é tabelado por lei e pode variar dependendo do estado.

Ela logo foi para o cartório da sua cidade e fez a mudança. "A partir do dia em que eu levei meus documentos e paguei a taxa até o dia em que peguei a identidade, demorou apenas um mês. Primeiro, mudei a certidão de nascimento; depois, a de casamento; depois, o CPF e, por fim, a identidade", conta. Além dos documentos, também foi necessário alterar seu nome nos documentos dos filhos. Mas, segundo Hannah, foi simples. "Não deu trabalho algum, pois eu já estava alterando os meus documentos e levava junto o das crianças", explica.

Reação da família
 
Hannah ficou surpresa com a reação da sua família, que apoiou completamente a sua decisão. "Eu achei que meus pais iriam se opor, mas eles me apoiaram", diz. A única pessoa que ela mais preocupava em machucar era sua avó, pois Hannah tinha o nome da sua falecida filha. "Mas ela amou, ficou super alegre, o que significa que, até para ela, era algo que incomodava", conta.

Com a mudança feita, veio o momento de adaptação. Afinal, foram 30 anos com o mesmo nome e alguns de seus familiares tiveram dificuldade para se acostumar. "Quem mais errava meu nome no início era o meu esposo, mas ele se dedicou e, depois de um mês, só me chamava de Hannah", diz.

"Atualmente, quem mais erra é a minha sogra e o meu pai. É curioso porque os amigos e conhecidos não erram meu nome. Assim que vão me chamar, hesitam, quando acontece de errar, eu corrijo na hora, mas fazendo graça, com um sorriso para pessoa não se constranger", afirma.

Viralizou
 
Hannah compartilhou o processo da mudança do nome nas redes sociais e viralizou, com um vídeo alcançando quase 1 milhão de visualizações no TikTok. "Decidi começar com uma conta nova e estava me organizando e avaliando sobre o que eu iria falar nesse novo perfil há meses. No dia em que decidi mudar de nome veio à minha mente que seria uma ótima ideia mostrar para as pessoas o passo a passo da mudança de nome, já que isso é tão importante e não é tão divulgado", conta.

"Sabemos quantas pessoas tem nomes horríveis e são vítimas de bullying durante toda uma vida. Existem pessoas com nomes errados, ou com uma letra trocada, ou qualquer outro motivo particular que abala emocionalmente a pessoa", finaliza.