Redação
Caminhoneiros que mantinham paralisações nas rodovias Presidente Dutra, em Jacareí, e Régis Bittencourt, na região próxima a Embu das Artes (SP), começaram a deixar os pontos de bloqueio na manhã desta quarta-feira (30) após a chegada de tropas do Exército, convocadas para garantir a livre circulação nas vias.
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A Polícia Rodoviária Federal havia alertado os caminhoneiros de que os manifestantes que estivessem obstruindo a passagem seriam retirados à força pela tropa de choque e o Exército, com utilização de armas de efeito moral.
Muitos caminhoneiros queriam partir e aproveitaram a brecha. Eles disseram que estavam sendo ameaçados por ações de vandalismo e ainda temem serem parados em outros pontos de protestos nas estradas.
Dois quilômetros depois de deixar a paralisação, um caminhão que transportava geladeiras tombou no acostamento da Régis.
O motorista, Paulo Ricardo Florentino, 28, havia deixado a manifestação após dez dias de bloqueio e diz ter sido atacado por um motoqueiro, que atirou uma pedra em seu para-brisa.
VIA DUTRA
Após duas horas de uma fila ininterrupta, praticamente não há mais caminhões no quilômetro 162 da Via Dutra. O fluxo de veículos também cessou.
Por volta das 11h era possível encontrar alguns caminhões parados nos canteiros laterais da rodovia, mas não havia mais grandes grupos de veículos estacionados.
A concessionária informou que tropas da Polícia Rodoviária Federal e do Exército estavam a caminho para auxiliar quem deseje sair.
"A CCR NovaDutra informa que tropas do Exército Brasileiro, da Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal estão presentes nos pontos de manifestação da Rodovia Presidente Dutra dando apoio aos caminhoneiros que desejam deixar os locais para seguirem viagem. Até o momento não houve registro de nenhuma resistência dos grupos", diz nota da concessionária.
O ponto era o principal local de paralisação na rodovia que liga São Paulo ao Rio e tinha, segundo estimativas dos próprios caminhoneiros, 5 mil veículos.
As tendas que serviam de apoio, com café é comida, foram desmontadas por volta das 9h. Uma grande fila de caminhões se formou dos dois lados da rodovia, com centenas de veículos deixando o local.
A negociação com os militares, que estavam desde às 5h na estrada passando pelos pontos onde havia caminhões parados, foi rápida. Os caminhões saíram sem comboio após os militares afirmarem que a Dutra está toda segura.
COMEMORAÇÃO E MEDO
Os caminhoneiros comemoraram a liberação na Dutra e disseram que não aguentavam mais o martírio do protesto. Muitos se abraçaram e houve gritos de "Vou para casa".
Alguns, porém, expressaram medo de que nas estradas menores ainda existam bloqueios e afirmaram que pretendem continuar parados até o clima melhorar.
Um pequeno grupo de caminhoneiros, com 20 pessoas, criticou os colegas que deixavam o local. Eles afirmaram que o protesto deveria continuar tendo como tema a prisão de políticos corruptos e a intervenção militar.
Ainda na Dutra, muitos reclamaram que a população não foi para as ruas e que preferiu encher o tanque de seus carros com gasolina a se juntar a paralisação.
Segundo eles, a decisão de sair aconteceu por "ordem de cima", em referência aos empresários do setor. Afirmaram ainda que na noite de terça (29), houve ameaças de que o Exército atacaria o local e que isso teria incentivado a saída da maioria do grupo.
Pouco depois, porém, eles mesmos entraram em seus caminhões para deixar o local. Alguns prometeram deixar os veículos parados em casa.
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