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Após a Justiça determinar a expedição de um novo pedido de prisão, o influenciador Kel Ferreti apareceu em um vídeo em que, visivelmente emocionado, pediu que o Judiciário reavalie o processo e alegou estar sendo alvo de perseguição.
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Kel Ferreti foi preso em dezembro de 2024 durante uma operação contra jogos online. Em abril deste ano, foi condenado a 10 anos de prisão por estupro. Já em agosto, a pena foi reduzida para sete anos, passando a ser cumprida em regime semiaberto.
Na última quinta-feira (18), no entanto, a Justiça expediu um pedido de prisão preventiva, após o Ministério Público apontar indícios de descumprimento de medidas judiciais (entenda aqui).
Ferreti negou as alegações e afirmou que precisa trabalhar para cumprir obrigações financeiras.
"Eu preciso trabalhar, tenho quatro filhos para pagar pensão. Eu sou uma pessoa que mostra a minha vida 24 horas por dia. Não fujo e não me escondo", declarou, em entrevista ao Agora Alagoas.
O influenciador também afirmou que não tem contato com a vítima há quase dois anos e alegou falhas no equipamento de monitoramento eletrônico, argumento também sustentado pela defesa (nota ao final da matéria). Segundo ele, a tornozeleira teria emitido alertas mesmo quando estava em casa.
"Tem praticamente dois anos que não vejo essa menina e não sei onde ela mora. Tenho mais de 35 vídeos que mostram a tornozeleira disparando, inclusive quando eu estava em casa, deitado com meus filhos. Eu mostro tudo, até momentos com meus filhos indo para a escola", disse, às lágrimas.
Ainda no desabafo, Kel Ferreti pediu que o processo seja analisado com imparcialidade e relatou sofrimento emocional, afirmando já ter pensado em fazer besteira com a própria vida.
"Olhem meu processo com verdade, não com ódio. Eu preciso estar vivo. Já pensei várias vezes em fazer besteira com a minha vida. Só não faço por causa dos meus filhos", afirmou.
Ao final, o influenciador lamentou a possibilidade de passar as festas de fim de ano longe da família.
"Em pleno Natal, a um dia do recesso [do Judiciário], vou ficar longe dos meus filhos no Natal e no Ano Novo. Estão acabando comigo e com a minha família. É um pedido de socorro", concluiu.
NOTA DA DEFESA
A defesa técnica de Kel Ferreti manifesta profundo inconformismo com a recente decisão que decretou sua prisão preventiva, por entender que o ato é manifestamente ilegal, processualmente nulo e atentatório às garantias do devido processo legal.
A decretação da prisão ocorreu de forma monocrática, apesar de já estar submetida à apreciação da Câmara Criminal, que realizou sessão de julgamento colegiado na última quarta-feira, ocasião em que foram analisados os embargos de declaração interpostos pela defesa. A matéria, portanto, encontrava-se sob exame do órgão colegiado competente, não sendo juridicamente admissível a adoção de providência extrema por decisão isolada, em evidente violação ao princípio da colegialidade.
Observa-se, ainda, a presença de diversas nulidades processuais, que comprometem a validade do decreto prisional e que serão combatidas com veemência nas instâncias superiores, inclusive por meio das medidas constitucionais cabíveis.
No mérito, a defesa refuta categoricamente qualquer alegação de aproximação do acusado em relação à suposta vítima. Não há prova concreta, idônea ou contemporânea que demonstre conduta voluntária de descumprimento de medida cautelar por parte de Kel Ferreti.
Importante esclarecer que o próprio histórico do monitoramento eletrônico revela falhas reiteradas no equipamento, circunstância amplamente comunicada ao COPEN, órgão responsável pela fiscalização. Em nenhum momento houve necessidade de intervenção técnica, advertência formal ou qualquer providência corretiva por parte da administração, o que evidencia a inexistência de descumprimento deliberado.
A defesa reafirma sua confiança no sistema de justiça e destaca que prisões cautelares não podem ser utilizadas como instrumento de antecipação de pena ou resposta a pressões externas, devendo observar, rigorosamente, os pressupostos legais, a proporcionalidade e o respeito às garantias constitucionais.
As medidas jurídicas cabíveis já estão sendo adotadas para restabelecer a legalidade e assegurar que o processo siga dentro dos limites do Estado Democrático de Direito
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