Área de desabamento no Rio é dominada por milícia, que dificulta fiscalização

Publicado em 12/04/2019, às 12h55
Dois prédios desabam na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta sexta-feira (12). | José Lucena/Futura Press/Folhapress -

Folhapress

O bairro onde ocorreu o desabamento de dois prédios na manhã desta sexta-feira (12) é área de atuação de uma milícia.

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A Prefeitura do Rio de Janeiro afirma que o grupo paramilitar dificulta a atuação de fiscais do município na região. Segundo a gestão Marcelo Crivella (PRB), os dois imóveis que desabaram são irregulares.

Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos duas pessoas morreram -um homem e uma criança, com identidades ainda desconhecidas-, três estão feridas e outras 17 estão desaparecidas sob os escombros. 

Por volta das 11h , dois homens chegaram ao hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, a bordo de uma ambulância enlameada: Raimundo Nonato, 41, com escoriações na cabeça, e Luciano Paulo, 38, com escoriações múltiplas.  

Milícias como a da Muzema costumam ser as responsáveis ou protegem a construção de prédios sem licença dos órgãos públicos. Os novos moradores e comerciantes que ocupam esses edifícios passam a ser nova fonte de renda das quadrilhas.

"A região é uma Área de Proteção Ambiental (APA) e os prédios ali construídos não respeitam a legislação em vigor. Por se tratar de área dominada por milícia, os técnicos da fiscalização municipal necessitam de apoio da Polícia Militar para realizar operações no local. Foi o que aconteceu em novembro de 2018, quando várias construções irregulares foram interditadas e embargadas pela prefeitura", afirmou a prefeitura em nota.

De acordo com a legislação em vigor, a região só poderia ter casas para uma família, e não prédio com diversas unidades.

"Na Muzema, as construções não obedecem aos parâmetros de edificações estabelecidos, como afastamento frontal, gabarito, ocupação, número de unidades e de vagas", diz a prefeitura em nota.

Os feridos estão sendo atendidos no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Não foi divulgado o estado de saúde deles.

Os prédios caíram por volta das 6h30. Os bombeiros foram alertados da ocorrência às 6h48. Equipes de três quartéis (Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Alto da Boa Vista) foram deslocadas para o local.

A região é de difícil acesso, está sob o domínio de milícias e os veículos de resgate estão tendo dificuldades para chegar ao local, por conta do excesso de lama, recorrência das chuvas da última segunda (8). O local foi bastante castigada pelo temporal desta semana que alagou ruas, avenidas, casas e matou dez pessoas em várias partes da capital fluminense. 

Os bombeiros chegaram ao local por volta das 7h20 e começaram os trabalhos de resgate às vítimas.

Segundo os primeiros relatos dos sobreviventes, os edifícios tinham quatro e seis andares e ainda estavam em obras. Ao menos quatro famílias viviam nas construções. Antes da queda, foram ouvidos grandes estalos na estrutura.

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