As deliciosas tradições das boleiras do Miai de Baixo

Publicado em 19/09/2025, às 07h24
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Nide Lins

No povoado de Miai de Baixo, em Coruripe, litoral sul de Alagoas, a mandioca e a macaxeira guardam histórias de séculos e alimentam memórias. Basta a primeira mordida em um pé-de-moleque para sentir o perfume de cravo, canela e erva-doce se misturando em equilíbrio perfeito — uma festa de aromas e afetos. A receita é simples na lista de ingredientes — massa puba, margarina, leite de coco, coco ralado, açúcar, sal e muito amor — mas complexa naquilo que carrega: a tradição da casa de farinha da família de Izabelle Mariane dos Santos Ferreira, a Iza, quarta geração de boleiras de Miai de Baixo.
Segue o Instagram: @bolos_da_iza.1
Tapioca, beiju, má-casada, bolos de macaxeira e de massa puba, broas e a farinha d’água amarela
Do forno a lenha saem quentinhos e cheirosos tapioca, beiju, má-casada (o famoso grude), bolos de macaxeira e de massa puba, broas e a farinha d’água amarela, orgulho da região. Tudo feito à mão, no ritmo passado de mãe para filha.
 
Onde encontrar essas delícias?
 
Na estrada (AL-101, Coruripe), uma placa simples anuncia: Bolos da Iza. Quem vai rumo a Penedo sabe: é parada obrigatória. Mas também dá para provar nas feiras:
Quintas em Feliz Deserto, Flexeiras (povoado de Coruripe) e Pontal do Peba (povoado de Piacabuçú)
Sextas no próprio povoado de Miai de Baixo
E, claro, dá para encomendar pelo telefone (82) 98230-6770 ou pelo Instagram @bolos_da_iza.1.
 
O fazer artesanal
 
A goma e a massa puba são produzidas desde o ralar a macaxeira e a mandioca até a prensa.
O coco passa por todo o processo: retirar a casca, raspar e extrair o sumo do leite de coco.
As folhas de bananeira são compradas ou colhidas nos sítios vizinhos. O forno é a lenha.
 
E esse trabalho coletivo tem nomes e mãos que dão sabor: Antônia Dilma, Iza dos Santos, Maria José, Maria Laudicéia, Benedita Cardoso, Elia Batista, Glauciele dos Santos, Elisângela dos Santos e Bruna Mayara, Avelina Rufino.
Dilma no forno a lenha
Segredos da tradição

Broas de goma
Broas: a goma da tapioca é peneirada, seca ao sol por uma semana, depois misturada a leite de coco, açúcar, gema, sal e margarina. São moldadas manualmente e recebem o desenho feito com o garfo antes de irem ao forno.

Pé-de-moleque com erva doce, canela e cravo
Pé-de-moleque: leva massa puba, margarina, leite de coco, coco ralado, açúcar, sal e especiarias (cravo, canela e erva-doce). Há também a versão mais simples, sem as especiarias.
 
Má casado com goma e coco ralado
Má casado (grude): mistura de goma da tapioca, coco ralado e sal, envolvida em folha de bananeira e cozida sobre o forno a lenha.

Farinha d’água feita com mandioca amarela
Farinha d’água: feita de massa puba, coco ralado e sal, ganha a cor amarela da mandioca — perfeita para farofa ou empanar.
 
 
Folha da bananeira ajuda a assar e aquecer má casada e pé-de-moleque
O tempo da mandioca
Para a massa puba, a mandioca descascada fica de molho em água por três a quatro dias, até “pubar”. Depois é prensada, peneirada e transformada na massa que será usada em bolos, farinha e até no cuscuz com coco ralado.
Já a goma da tapioca exige outro ritual: ralar a macaxeira, deixar de molho, coar em pano, decantar, secar ao sol e peneirar. Só então estará pronta para beijus, má-casadas e tapiocas.
Conhecendo a história da família da Iza
No Miai de Baixo, cada bolo, cada broa, cada beiju é mais do que alimento: é memória viva, tradição passada de geração em geração, mantendo acesa a chama das cozinhas de Alagoas.
Rota: Bolos da Iza (@bolos_da_iza.1)
Encomendar pelo telefone (82) 98230-6770 ou pelo Instagram @bolos_da_iza.1.
 Povoado Miai de Baixo - AL-101, 04 - Coruripe, Alagoas
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