Redação
Em situações como o assalto com reféns a uma agência dos Correios da Barra de São Miguel, que começou na tarde dessa quarta-feira (10) e se estendeu até a noite, a atuação de um grupamento especial de negociação pode ser essencial para garantir vidas de vítimas, assaltantes e dos próprios policiais.
Ontem, entre os cerca de 40 policiais - civis, militares e federais - que estavam no local, havia dois com experiência em gerenciar crises, e foram eles que conduziram a negociação, conseguindo a liberação dos 17 reféns e a rendição dos três assaltantes.
O trabalho desses policiais chama atenção de quem acompanha, de perto ou por meio da imprensa, a tensão vivida durante toda a ação criminosa e, por isso, a pedido do TNH1, a negociação foi detalhada pelo major Alessandro Paranhos, diretor do Gerenciamento de Crises da Polícia Militar de Alagoas.
Ele explica que o objetivo do trabalho está basicamente em acalmar os assaltantes ou sequestradores para minimizar o risco de "baixas", ou seja, as chances de que os agressores se exaltem e tentem contra a vida de reféns e dos próprios policiais.
"Nós temos um treinamento psicológico, ou seja, ouvimos mais do que falamos. Assim, os assaltantes vão se tranquilizando à medida que falam”, relata.
Algumas reivindicações, porém, o major ressalta, não são negociáveis com os assaltantes. “Armas, munição, bebidas alcoólicas e drogas estão fora de qualquer negociação. Não podemos fornecer nada que altere os ânimos de pessoas que estamos tentando acalmar”, pontuou.
Modo da ação
Ao chegarem ao local para onde o Gerenciamento de Crises foi acionado, os negociadores entram em ação, independente da patente dos demais militares que estiverem no comando da operação.
Com o objetivo de “reduzir dano e preservar a vida”, os militares dão início a uma negociação que não tem modelos a seguir e que pode durar mais que um turno de trabalho.
“Nessas situações, o sequestrador é um animal selvagem acuado. Ele pode tomar qualquer atitude, e nós precisamos evitar que isso aconteça”, explicou major Paranhos.
A ação pode contar com parceria com outros grupamentos, como o Antissequestro da Polícia Civil, o Tigre ou o Comando de Operações Táticas, o COT, da Polícia Federal.
Depois que os agressores se entregam, os negociadores passam o caso para os militares de batalhões ostensivos, que encaminham o caso para a delegacia responsável. No caso de ontem, a tentativa de assalto será investigada pela Superintendência da Polícia Federal, no bairro de Jaraguá, em Maceió.
Parceria com a Polícia Federal (PF)
O TNH1 conversou também com a PF, por meio da assessoria de comunicação, sobre o plano de ação em negociações com criminosos. De acordo com o assessor e agente federal Constantino de Assis, a PF só age nos casos em que as policiais estaduais não conseguem resultado.
“A Constituição manda que o delegado do dia vá ao local do crime, mas ele apenas coordena a ação. Nos casos em que a polícia estadual não consegue resolver, temos uma equipe na Superintendência para esse tipo de ação. Ainda assim, pode ser que o COT seja acionado e mande uma equipe de Brasília para o estado”, explicou.
VEJA O MOMENTO EM QUE OS ASSALTANTES SE ENTREGAM À POLÍCIA
Assaltantes fazem reféns em agência dos Correios em Barra de São Miguel (Crédito: Bruno Felix /TNH1)
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